A defesa de Francisco de Assis Pereira, preso no último dia 8 de janeiro sob suspeita de envenenar a família em Parnaíba, no litoral do Piauí, no dia 1º de janeiro, pediu a revogação de sua prisão temporária. Em entrevista exclusiva ao O Dia, o advogado Antônio de Pádua afirmou que não existem provas concretas que liguem seu cliente ao crime e que Francisco está preso injustamente.
“Nós solicitamos a revogação da prisão temporária há alguns dias. Estávamos apenas aguardando a conclusão dos exames periciais. Acreditamos na inocência de Francisco de Assis, que está preso injustamente, assim como Dona Lucélia”, declarou a defesa.
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O pedido de revogação acontece em meio a um novo fato que pode impactar a investigação policial. Nesta sexta-feira (22), Maria Jocilene, de 41 anos, vizinha da família, faleceu após passar dois dias internada em estado grave. Ela havia sido uma das vítimas de envenenamento no dia 1º de janeiro, mas recebeu alta em seguida. Na quarta-feira (22), durante uma visita à residência da família, Maria passou a se sentir mal novamente e foi internada. Ela não resistiu, vindo a óbito. A causa da morte ainda está sendo investigada e não foi divulgada oficialmente.
De acordo com o advogado, este novo fato pode “reforçar a inocência de Francisco de Assis”.
“Ele está preso injustamente. Existem outras pessoas que frequentam a residência e que deveriam ser investigadas, inclusive a própria dona da casa. Vamos aguardar o poder judiciário tomar conhecimento do erro. Afinal, não há provas concretas de autoria do crime. O que temos são presunções, e presunções não devem levar ninguém à prisão”, afirmou Antônio de Pádua.
A defesa aguarda o andamento das investigações e a decisão judicial sobre o pedido de revogação da prisão.
Após a prisão de Francisco, a polícia fez buscas e apreensões na casa da família. Segundo informações divulgadas, Francisco mantinha guardada dentro de casa uma caixa com alimentos pessoais separados dos mantimentos que eram usados pelo restante da família.
Francisco é padrasto de Francisca Maria da Silva, mãe das cinco crianças envenenadas e que também morreu vítima de intoxicação por chumbinho. De acordo com a polícia, Francisco teria fingido que havia ingerido a comida envenenada (arroz, farinha e feijão) para não levantar suspeitas.
Ele chegou a ser internado junto com os demais familiares no dia 1º no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), mas foi o primeiro a receber alta. Segundo o Instituto de Criminalística, não foram encontrados indícios de envenenamento no organismo dele, o que levantou suspeitas por parte da polícia.
Cinco pessoas da mesma família morreram após almoço envenenado
Ao todo, cinco pessoas da mesma família morreram após ingerirem almoço envenenado. Além de Maria Jocilene, outro óbito relacionado ao caso de envenenamento ocorreu na noite da última terça-feira (21), trata-se de Maria Gabriele, de 4 anos.
Além dela, Igno Davi Silva, Lauane Fontenele, João Miguel e Ulisses Gabriel, também morreram por envenenamento. Davi e Lauane faleceram em janeiro deste ano.
Além deles, também foram vítimas fatais do envenenamento no almoço de ano novo a mãe, Francisca Maria, e o tio, Manoel Leandro. Os outros dois irmãos de Maria Gabriela, João Miguel e Ulisses, morreram em agosto e novembro do ano passado, respectivamente, também por envenenamento. Foram internados, mas sobreviveram ao envenenamento e receberam alta: Lívia Maria Leandra, Jhonatas Albert Pereira e Francisco de Assis Pereira. Todos são parentes.
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Entenda a cronologia do envenenamento
No dia anterior ao ocorrido, em 30 de dezembro, a família de Francisca Maria Silva recebeu doação de alimentos de um casal que costuma fazer ações filantrópicas no bairro onde eles moravam. O casal doou 30 Kg de manjubas entregues pela associação de pescadores da região.
Na noite de réveillon, 31 de dezembro, a família jantou arroz, feijão e farinha. A comida não foi toda consumida e as sobras ficaram sobre o fogão, nas panelas em que foram preparadas.
Todos os membros da família foram se deitar por volta da meia-noite. No entanto, Francisco de Assis permaneceu acordado e disse que se recolheria depois. Foi ele quem trancou a casa antes de ir dormir, por volta das 4h da madrugada do dia 01 de janeiro. A polícia acredita que o arroz tenha sido envenenado por volta deste horário.
No almoço do dia 01, a família comeu a mesma comida do jantar do Ano Novo. A comida foi requentada por uma das irmãs de Francisca. Segundo a polícia, Francisco insistiu para que ela esquentasse o mesmo arroz da noite anterior e não preparasse um novo. Ela atendeu ao pedido e transferiu o alimento para outra panela com um pouco mais de água.
As crianças Maria Gabriele, Lauane e Igno Davi foram os primeiros a comer a comida junto com Manoel Leandro, seu tio. Os quatro apresentaram os sintomas de envenenamento cerca de meia hora depois e de forma mais grave do que os demais. A polícia acredita que ao ferver o arroz, o veneno subiu e se acumulou nas primeiras camadas do alimento na panela, sendo consumido em mais quantidade por quem se serviu primeiro.
Francisco de Assis foi o último a se servir. “Ele se serviu de uma pouca quantidade e, segundo os familiares, comeu sem vontade, andando pela casa e deixando muita comida no prato”, relata o delegado Abimael.
Veja aqui a cronologia completa.
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