O que faz um veículo de comunicação atravessar décadas? O que o mantém relevante em meio a tantas mudanças tecnológicas e sociais? Para responder a essas perguntas, é preciso relembrar o papel da imprensa: ser um registro vivo do tempo. Neste sábado (1º), o único impresso do Piauí completa mais um ano de existência. Desde a sua fundação, O Dia se adaptou a cada nova realidade. Ao longo de mais de sete décadas, ele passou por diferentes eras da comunicação e acompanhou gerações com hábitos distintos de consumo de informação.
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Ao longo de 74 anos, o Jornal O Dia narrou a evolução do Piauí, do Brasil e do mundo, acompanhando cada transformação e se reinventando para continuar próximo de seus leitores. Se nas décadas de 1950 e 1960 o impresso era a principal fonte de notícias, a era 2000 tornou a informação instantânea. Por isso, o impresso precisou ir além e, hoje, ele pulsa também na rapidez das telas e na dinamicidade do digital.
Para manter viva a tradição do impresso, a incorporação de novas tecnologias era inevitável. Não há como barrar a evolução, mas é possível se unir a ela. É o que afirma a professora de história da imprensa, Nilsângela Cardoso.
A especialista destaca que, a cada nova tecnologia que surge, o jornalismo impresso enfrenta novos desafios e precisa adaptar sua linguagem e formato de produção de notícias. "Desde a chegada das primeiras tipografias, o uso de computadores nas redações, até a internet e as redes sociais, o impresso teve que se inserir em outros espaços para sobreviver. Por isso, há sempre a necessidade de se mordenizar”, diz.
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Diferentes gerações e suas relações com o impresso
Os meios de comunicação não são estáticos; eles evoluem junto com as gerações. Como apontou o teórico Marshall McLuhan, “os meios são extensões do homem, e nós os moldamos tanto quanto somos moldados por eles”. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, estudiosos passaram a categorizar os diferentes períodos geracionais, cada um marcado por hábitos e formas distintas de se relacionar com a informação.
A Geração Baby Boomer (1946-1964) cresceu com o rádio e os jornais como principais fontes de informação. Para Vandik Borges, de 77 anos, receber o impresso em casa ainda é uma tradição especial. Ele é leitor do Jornal O Dia há mais de 20 anos.
Já a Geração X (1965-1980) acompanhou a chegada da televisão e o início da informatização. Cresceram com jornais impressos, mas também com telejornais, o que diversificou o consumo de notícias. Apesar de ter tido a opção de se informar por meio da TV, a servidora pública Ana Teresina Rocha, de 58 anos, optou por continuar recebendo o impresso em casa, com aquele cheirinho de tinta fresca no papel.
Com a Geração Y (1981-1996), mais conhecida como Millennials, ocorreu uma maior proximidade com a tecnologia. Eles cresceram em um período de transição para a era digital, com a internet ganhando força, mas sem ter sido completamente imersos nela desde o nascimento. O contador Jenilson Ferreira, de 39 anos, é um dos assinantes mais jovens do jornal. Como os demais, ele reconhece a importância dos meios de comunicação tradicionais e valoriza o impresso pela sua credibilidade.
A Geração Z (1997-2010) também cresceu em um mundo de transição, onde alguns nasceram já imersos no digital, enquanto outros ainda não tinham acesso à internet. Mesmo assim, essa geração foi marcada pela popularização dos smartphones e das redes sociais. Embora a maioria dos jovens não tenham tido convívio com um jornal impresso, muitos reconhecem sua importância para a educação, como o estudante Gabriel Lima, de 16 anos.
Por fim, a Geração Alfa (2010-2025), ainda em formação, nasceu completamente conectada e consome informações de forma fragmentada, priorizando conteúdos curtos, vídeos e redes sociais. No entanto, esses nativos digitais já reconhecem o valor do jornal impresso, especialmente quando se trata de reduzir o tempo de tela, como observa a perspicaz Amanda Lima, de 10 anos.
Agora, em 2025, começa a emergir a Geração Beta, que crescerá completamente imersa na era da inteligência artificial e da hiperconectividade. Como eles vão consumir notícias? Essa é uma pergunta que ainda está sendo respondida. O que se sabe é que o jornalismo continuará evoluindo, assim como fez diante de todas as revoluções tecnológicas que marcaram o último século.
Momentos que marcaram gerações nas páginas do O Dia
Cada geração também viveu momentos históricos que marcaram as páginas de O Dia. Desde os anos 1950 até os dias atuais, os eventos noticiados refletiram as mudanças políticas, sociais e tecnológicas que impactaram a sociedade e a forma de consumir notícias.
O jornal iniciou sua jornada em 1951, na primeira metade do século XX, noticiando a posse do governador Pedro Freitas, momento de renovação política no Piauí. Durante a década de 1950, o Brasil assistiu à ascensão do rádio e da televisão, transformações que foram reportadas com grande destaque. O suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, foi um dos episódios que chocou o país, e O Dia não deixou de registrar o impacto desse momento.
Nos anos seguintes, a década de 1960 foi marcada por eventos locais e nacionais de grande relevância, a criação da Universidade Federal do Piauí, que simbolizou um avanço na educação local. Foi também o período de instabilidade política, culminando no golpe militar de 1964, que impôs uma nova realidade ao Brasil.
A década de 1970 trouxe consigo a consolidação da ditadura militar e uma série de eventos que marcaram a história do Piauí. Entre eles, destacam-se a inauguração do Estádio Albertão, que gerou um pânico coletivo em 1973, e a morte do poeta Torquato Neto, em 1972, que trouxe uma sensação de perda para a cultura local. O futebol brasileiro, por outro lado, vivia uma era de conquistas no esporte, como o tricampeonato na Copa do Mundo de 1970.
Na década de 1980, o Brasil vivenciou o processo de redemocratização, com eventos como a grande passeata pelas Diretas Já, que levou milhões às ruas exigindo eleições diretas para a presidência. O jornal acompanhou de perto o fim do regime militar e a ascensão de José Sarney à presidência após a morte de Tancredo Neves, em 1985. Em 1989, a eleição de Fernando Collor foi um marco político, e O Dia cobriu a transição para a Nova República.
Nos anos 1990, o país viveu uma era de reformas econômicas e desafios. O congelamento de preços e o confisco da poupança de milhões de brasileiros durante o governo Collor foram amplamente cobertos pelo jornal. O Brasil também viveu momentos de conquista, como o tetracampeonato mundial de futebol em 1994, e a morte de figuras importantes como Irmã Dulce, que comoveu o Brasil e foi noticiada com grande repercussão.
A partir dos anos 2000, com a chegada da era digital, O Dia teve que se adaptar a novas formas de consumo de notícias. A inauguração do portal online em 2006 foi um passo importante para modernizar a produção de conteúdo e acompanhar as mudanças da mídia.
Ao longo dessa trajetória, o impresso se reinventou com o advento das redes sociais, enfrentando o desafio de acompanhar o ritmo acelerado das informações, sem perder sua identidade jornalística e o compromisso com a verdade.
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