Nos últimos meses, alguns casos de ataques de cães foram noticiados. Nas ocorrências, os animais atacaram crianças da própria família e, segundo relatos, os animais costumavam ficar presos e tinham pouco contato com as vítimas. Nessa perspectiva, o adestramento de cães é essencial para o tratamento de traumas, facilitando a socialização, educação e comportamento em todas as idades e raças. Cachorros que respeitam limites são mais felizes e se integram melhor à família, recebendo amor e carinho em retorno. Ao aprender comandos, os cães exercitam tanto a mente quanto o corpo, promovendo a harmonia e a socialização, essenciais para uma convivência feliz e saudável.
O que poucas pessoas consideram é que o adestramento canino pode evitar comportamentos agressivos. Segundo o capitão Frota, comandante da 3ª Companhia do BPChoque e responsável pelo Canil da Polícia Militar do Piauí, o comportamento do cão tem relação direta com a criação dada pelo tutor.
O capitão cita ainda que animais que apresentam comportamentos agressivos, em geral, são ensinados e estimulados por seus tutores a agirem de tal forma e que os cães apenas reproduzem o que aprendem. “Infelizmente, as pessoas criam cães para violência, com o objetivo de ser um cão agressivo para guardar a residência. Se o cão é agressivo para agir contra quem entra na sua casa, então ele será agressivo com qualquer pessoa que se aproxima”, enfatiza.
O canil da Polícia Militar do Piauí conta com nove cães, que são treinados para atuarem em diferentes finalidades, como o faro, que visa localizar drogas, armas e explosivos, além dos cães que fazem guarda e proteção. Em breve, será implantada na corporação a especialidade de busca e captura.
A seleção de um cão para realizar determinada função independe de sua agressividade, ou seja, algumas raças são escolhidas devido ao seu porte físico, como o Pastor-belga- -malinois. Por ser bastante ativo e disposto, ele é comumente utilizado para o faro (de armas ou de drogas). Já o labrador apresenta um comportamento mais dócil, especialmente com crianças, e não reage de maneira violenta. No canil da PM, ele é usado para a detecção de explosivos.
“A escolha desse cão é feita desde o início, podendo esse cão ser preparado ainda quando filhote ou podemos recebê-lo já adulto e treinado em sua habilidade. Em geral, escolhemos o cão pela linhagem, ou seja, o filho de algum cão que já é farejador”, ressalta o capitão Frota, comandante da 3ª Companhia do BPChoque.
Flávia Barreto, médica veterinária do canil da PM, explica ainda que os cães do canil da PM recebem um cuidado especial, afinal, são animais que exercem funções importantes e desgastantes. “Fazemos uma medicina preventiva, evitando ao máximo que os cães do canil adquiram alguma doença. Assim, eles são vacinados periodicamente, têm boa hidratação, alimentos balanceados e passam por treinamentos diários. Os cães que estão em atividade recebem cuidado redobrado, devido seu gasto energético ser maior”, complementa a médica veterinária
Genética e porte do cão não têm relação direta com a agressividade
Muitas pessoas pensam que determinadas raças de cães são mais violentas ou agressivas, entretanto, é preciso ressaltar que a genética não necessariamente tem relação com esse comportamento. Segundo Virgínia Leal, especialista em comportamento pet, o ambiente que esse animal vive, entre outros fatores, pode influenciar no modo como esse cachorro se comporta.
“Alguns pontos devem ser considerados, como o modo que esse animal é tratado pelo tutor e pela família, se esse animal exerce comportamento natural da espécie dele, como forragear, roer, fuçar, cavar, se tem enriquecimento ambiental na casa, favorecendo esse tipo de atividade, se faz passeios diários, se tem uma boa relação com as pessoas da casa, se não é tratado com brigas, nem chutes, gritos, castigos e não é submetido a algum tipo de restrição à água ou comida”, comenta Virgínia.
A especialista comportamental destaca ainda que qualquer raça de cão pode se tornar ou estar em uma determinada situação agressiva, especialmente se ele for forçado a agir desse modo. Isso pode acontecer quando o animal sente-se desconfortável ou tem uma experiência ruim, desse modo, manter uma boa relação entre o animal e as pessoas que convivem com ele diariamente é essencial para evitar traumas.
Virgínia Leal lembra que os animais refletem o comportamento que recebem de seus tutores. Entretanto, a especialista reforça que nenhum animal deve ficar sozinho com crianças, especialmente se ela tiver alguma particularidade, como o autismo. Isso porque o cão tende a esperar determinada atitude do humano e, caso ele não tenha uma boa experiência, como receber atenção ou a criança puxe seu pelo, o cachorro pode demonstrar um comportamento mais agressivo.
“Não aconselho crianças ficarem sozinhas com animais, é preciso sempre ter supervisão de adultos, principalmente nessas relações de interação. Independente do porte e da raça, este cão precisa ter uma relação saudável com todos da casa, com passeios diários, e enriquecimento ambiental, exercitar seu comportamento natural de morder, farejar, fuçar, água à vontade, comida suficiente, abrigo e ser um animal feliz, além de ser respeitado na sua particularidade, ter amor, respeito e confia nas pessoas que o cercam”, complementa a especialista em comportamento pet, Virgínia Leal.
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