Brincar é mais do que apenas oferecer à criança diversos brinquedos para que ela interaja e descubra sozinha como utilizá-los. Os brinquedos desempenham um papel fundamental no desenvolvimento infantil, indo muito além da simples diversão. Segundo a psicóloga Glenda Ulisses, os brinquedos de montar, por exemplo, são essenciais para o aprimoramento das habilidades cognitivas e motoras das crianças. Apesar da visão comum de que brincar é algo trivial, esse momento é crucial para o crescimento saudável e para a aquisição de habilidades que serão úteis ao longo da vida.

Brinquedos de montar exigem que a criança utilize sua coordenação motora fina, o que terá impacto direto em futuras atividades, como a escrita. Ao encaixar peças e explorar diferentes formatos, a criança está treinando habilidades que facilitarão o desenvolvimento de capacidades mais elaboradas no futuro. A ausência desse tipo de estímulo pode gerar dificuldades no aprendizado e na realização de tarefas que exigem precisão manual.

Além do aspecto motor e cognitivo, o ato de brincar é também um processo essencial para a socialização. Durante a interação com adultos e outras crianças, são aprendidos valores fundamentais como compartilhar, respeitar regras, lidar com frustrações e compreender a importância da cooperação. A socialização na infância influencia diretamente na forma como o indivíduo irá se relacionar na vida adulta. Muitas pessoas que apresentam dificuldades em iniciar contatos sociais ou que são mais retraídas podem ter tido poucas oportunidades de interação e estímulo durante a infância.

“Tem crianças que, em meio a uma derrota, perda, frustração ou algo que não sai como ela espera, tem reações emocionais fortíssimas, como choro, grito ou até ficando mais agressiva. Ao trabalharmos com essa criança, vamos explicando que está tudo bem, que perder faz parte, que ao brincar com alguém é preciso ceder, que tem a hora de falar e a hora de escutar o outro. Quando essa criança cresce e passa por uma situação de conflito, ela sabe resolver, pois aprendeu isso de maneira lúdica, através das brincadeiras, e a frustração não é algo mais tão difícil de lidar”, destacou Glenda Ulisses.

A psicóloga também ressalta que o papel dos adultos vai além de apenas fornecer brinquedos para as crianças. A participação ativa dos pais e responsáveis é essencial para que os pequenos aprendam a interagir, a expressar sentimentos e a entender as regras de convivência. O desenvolvimento das habilidades sociais não ocorre de maneira automática, mas sim por meio do aprendizado e da prática contínua.

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Brinquedos desenvolvem interação social e colaboração mútua

Assim, ao presentear uma criança, a psicóloga recomenda que se opte por brinquedos interativos, seguindo sempre a idade indicada na embalagem do produto. Para os menores, a sugestão é apostar em brinquedos de encaixe, quebra-cabeças, com números e de construir. A proposta é que sejam poucas peças, de modo a incentivar as habilidades dessa criança.

“E os pais devem interagir também. Não deixar que a criança brinque sozinha, pois a habilidade social é ensinada, então os pais precisam participar disso, mostrando como fazer. Lembre-se que as crianças aprendem por repetição, vendo como os outros fazem”, comentou.

Já quando a criança está um pouco maior, é possível introduzir nas brincadeiras as bonecas, que são excelentes brinquedos para estimular a habilidade social. Nessa fase, as crianças costumam utilizar a imaginação, criar histórias e situações que não estão acontecendo, o que favorece o desenvolvimento cognitivo. Outro brinquedo muito interessante são os jogos.

“Os brinquedos e jogos proporcionam às crianças tempo de qualidade e desenvolvimento de diversas habilidades. Todo jogo desenvolve alguma habilidade, seja a atenção, o raciocínio lógico, resolução de problemas ou a retenção de informações. São habilidades que essa criança irá levar para a vida toda”, completou a psicóloga Glenda Ulisses.