É inevitável fazer comparações entre o Albertão e outros estádios aqui da região. O Castelão de São Luís, o Mangueirão em Belém do Pará, o Castelão de Fortaleza... Todos passaram por grandes reformas e hoje oferecem boas estruturas para os torcedores, atletas e comissão técnica e imprensa. Em especial o estádio cearense, palco de Copa do Mundo. Aliás, o administrador do Albertão, Numeriano Sá Filho, 73, conta que a capital piauiense não recebeu partidas do Mundial do Brasil por outros motivos e não por causa do Albertão.
Inaugurado às pressas, estruturas elétrica e hidráulica do estádio não foram concluídas
São 50 anos de história do Albertão no esporte piauiense. E nem mesmo meio século de existência foi suficiente para a toda a estrutura do estádio ser concluída. A reportagem de O DIA foi ao Gigante da Redenção e constatou fios de energia expostos, vazamentos de água, sanitários e pias sem funcionar, escuridão em alguns pontos internos, obras por finalizar. De fato, as obras no estádio não foram concluídas. Quem confirma isso é o próprio administrador.
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Há mais de 30 anos, ele administra a praça esportiva e conhece cada canto do estádio. Numeriano olha para a grandeza do Gigante da Redenção, num misto de felicidade e preocupação. Ele mesmo elenca quais são os maiores problemas históricos do estádio.
“Na parte sanitária, teve aquele problema das cheias dos rios daqui de Teresina e muitas famílias foram abrigadas aqui no Albertão. 200 famílias ao. E quando esse pessoal saiu daqui muitos foram arrancando porta de banheiros, vaso sanitário, pias”.
“O Albertão nunca foi finalizado. As partes sanitária, elétrica e hidráulica nunca foram finalizadas. Tem muita coisa para fazer! E muita coisa que a gente faz aqui é no peito e na raça. Porque se não acaba. E a gente não pode deixar isso aqui acabar. O gramado hoje não está feio, mas ele já era para ter sido trocado umas cinco vezes. A vida de um gramado é de geralmente 10 anos. Tem lugares que em 2 ou 3 anos já trocam. Esse daí está desde o início”, diz o administrador.
O Albertão precisa de reformas. Mas para qual clube jogar? Para qual torcida?
É uma unanimidade dizer que o Albertão precisa de reformas. Mas como seria reformar completamente o estádio e depois vê-lo sem receber jogos? Ou recebendo jogos com baixo público? O último grande público registrado no estádio foi em Altos x Flamengo, que superior a casa dos 25 mil pagantes (público total deve ter sido maior). As partidas envolvendo os clubes locais dificilmente trazem muitas torcidas.
A final do Campeonato Piauiense deste ano trouxe pouco mais de sete mil torcedores. Na capital, apenas o River tem levado público para as arquibancadas do estádio (o Fluminense-PI decidiu jogar em Pedro II devido ao baixo número de torcedores em Teresina, e Flamengo-PI e Piauí, ambos na Série B do Estadual, encontram dificuldades de atrair torcedores).
“Muita gente só fala do estádio, mas não vê o lado dos clubes. Na década de 70 até a metade da década de 80, isso aqui era lotado. Não dava menos de 30, 40 mil pessoas. E ultimamente, aqui dificilmente dá cinco mil pessoas nos jogos locais. Agora, quando vem clubes de fora, aí o público vai lá para cima”, afirma Numeriano.
E ele mesmo dá um caminho a ser percorrido para encontrar uma solução para o Albertão e para o futebol piauiense. “Se os clubes se preocupassem em fazer times bons, com certeza a torcida viria e obrigaria o Estado a investir mais no esporte local”.