Teresina é considerada uma das cidades mais quentes do país. Entre os meses de setembro a dezembro, os termômetros chegam a registrar temperaturas que podem ultrapassar os 40º C. Esse período é conhecido como B-R-O-Bró e exige que a população tenha uma atenção redobrada com a saúde e a hidratação.
Pesquisadora especialista em educação baseada na natureza e relação bio-diversas, como foco em sustentabilidade e na regeneração ambiental, a bióloga Carol Maciel esteve em Teresina e destacou os inúmeros trabalhos que têm realizado na área do meio ambiente. Dentre seus estudos, destaca-se a pesquisa que analisa os impactos do calor extremo nas crianças e nas gestantes. A pesquisa é pioneira, sendo Teresina a única cidade das Américas a investigar esses impactos, e faz parte da Agenda 2030 de Teresina, no qual o poder público e a sociedade elaboram metas para o desenvolvimento sustentável da capital.
“Essa pesquisa é muito interessante e inovadora, e olha para como o clima tem impactado mulheres gestantes, desde o primeiro ao último mês de gestação, e bebês na primeira infância, que vai até os seis anos de vida. O meu olhar é identificar quem são essas mulheres e essas crianças, onde elas moram, quais soluções podemos ter, seja no âmbito governamental, seja de capacitação de profissionais de saúde e em como a população vê isso. O calor, muitas vezes, é normalizado, mas isso precisa ser discutido em família, pois impacta na vida da mulher e do bebê que está na barriga dela”, comentou.
Segundo ela, a pesquisa demonstra não somente os desafios enfrentados por esse grupo da população, mas, sobretudo, em como a crise climática é palpável e que precisa de soluções, ouvindo, em especial, as pessoas diretamente afetadas e que vivem nesses territórios mais impactados.
A pesquisa, vinculada à Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação e desenvolvida em parceria com o Fundo de Populações da Organização das Nações Unidas, foi divulgada em dezembro de 2024 e revelou que 83,7% das mulheres afirmaram que o calor afetava seu bem-estar de forma negativa. Ainda segundo a pesquisa, 66% das mulheres relataram sentir desconforto frequente por conta do calor e 44% disseram que enfrenta uma intensidade extremamente alta de calor.
Ao todo, 89% das entrevistadas declararam que o calor impacta sua saúde física, com 82,24% afirmando que tem piorado os sintomas de cansaço ou fadiga e para 50,61% aumentou a dificuldade de respirar. Elas relataram ainda que percebem que o calor afeta seus bebês: entre as que notaram o bebê mais agitado, apresentaram como sintomas físicos o cansaço (92%) e dificuldade de respirar (63%).
De forma espontânea, as gestantes manifestaram os sintomas relacionados ao calor que as levaram a procurar o médico como: assaduras no corpo, falta de ar, dermatite, coceira, mal-estar, dor de cabeça, insônia, confusão mental, enxaqueca, pressão baixa, sangramento no nariz e piora na ansiedade.
Ainda sobre sintomas físicos, 37% das entrevistadas apresentaram algum tipo de infecção no trato uroginegológico durante a gravidez e 75% acreditam que os sintomas foram agravados pelo calor.
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