Nas últimas semanas, viralizou nas redes sociais um projeto no qual usuários afirmam participar de um procedimento chamado 'escaneamento de íris', popularmente conhecido como 'venda da íris'. Essa prática é promovida pelo projeto World, da empresa Tools for Humanity (TfH), e tem como objetivo criar uma identidade digital baseada em biometria ocular, gerando um código armazenado em sistemas de blockchain.
Como incentivo, o projeto oferece cerca de R$ 630 em criptomoedas para os usuários que realizam o procedimento. Além disso, a iniciativa visa estabelecer uma 'prova de humanidade', com o propósito de distinguir pessoas reais de bots e proteger as interações digitais. No entanto, a prática tem gerado questionamentos legais e éticos no Brasil.
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A empresa responsável, Tools for Humanity, criou o dispositivo Orb, uma esfera que escaneia a íris e gera um código único, impossível de ser replicado por inteligência artificial. O processo é dividido em duas etapas: o download do World App, que também funciona como uma carteira digital, e a verificação presencial com o Orb. Após o escaneamento, o usuário recebe tokens WLD, que podem ser convertidos em criptomoedas ou reais.
Atualmente, o valor de mercado do token varia, mas o pagamento recebido pelos brasileiros tem girado em torno de R$ 630. O World garante que as imagens não são armazenadas, apenas o código gerado é criptografado e registrado no blockchain.
Como funciona?
- Escaneamento: Um dispositivo especial captura uma imagem da íris do usuário.
- Criação do código: A imagem é convertida em um código numérico único e irreversível.
- Armazenamento: O código é armazenado em um blockchain, garantindo a segurança e a imutabilidade dos dados.
- Recompensa: Em troca da participação, o usuário recebe uma quantidade específica de criptomoedas.
Worldcoin no Brasil
A iniciativa chegou ao Brasil em novembro de 2024 e rapidamente conquistou usuários. Em menos de um mês, mais de 115 mil brasileiros completaram o processo de verificação. Até janeiro de 2025, 540 mil pessoas haviam baixado o aplicativo, e 416 mil estavam aptas a realizar o escaneamento.
Os locais de verificação incluem espaços físicos como shoppings. O pagamento médio gira em torno de R$ 600 a R$ 750, dependendo da cotação do token no momento. A popularidade da iniciativa chamou a atenção da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que iniciou uma investigação para avaliar o cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
O escaneamento de íris é classificado como coleta de dados biométricos sensíveis, de acordo com a LGPD. Por isso, exige o consentimento explícito dos usuários. Especialistas alertam que o código gerado é irreversível, o que representa riscos em caso de vazamento de dados ou uso indevido. Além disso, o direito de exclusão de dados, previsto pela LGPD, é comprometido pela natureza do blockchain, que impede alterações ou exclusões das informações registradas.
A Tools for Humanity defende a segurança do processo e afirma que a tecnologia é uma solução para identificar humanos em um mundo cada vez mais digital, preservando a privacidade dos usuários. Entretanto, críticas relacionadas à transparência e à proteção de dados seguem sendo levantadas.
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