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Venda da íris: Empresa paga R$ 600 para escanear olhos de brasileiros; entenda o motivo

A venda da íris é uma iniciativa da Tools for Humanity, que busca criar uma 'prova de humanidade' para diferenciar seres humanos de bots, mas a prática levanta preocupações sobre privacidade e segurança

24/01/2025 às 10h43

24/01/2025 às 10h43

Nas últimas semanas, viralizou nas redes sociais um projeto no qual usuários afirmam participar de um procedimento chamado 'escaneamento de íris', popularmente conhecido como 'venda da íris'. Essa prática é promovida pelo projeto World, da empresa Tools for Humanity (TfH), e tem como objetivo criar uma identidade digital baseada em biometria ocular, gerando um código armazenado em sistemas de blockchain.

Como incentivo, o projeto oferece cerca de R$ 630 em criptomoedas para os usuários que realizam o procedimento. Além disso, a iniciativa visa estabelecer uma 'prova de humanidade', com o propósito de distinguir pessoas reais de bots e proteger as interações digitais. No entanto, a prática tem gerado questionamentos legais e éticos no Brasil.

Venda da íris: Empresa paga R$ 600 para escanear olhos de brasileiros; entenda o motivo - (Paulo Pinto/Agência Brasil) Paulo Pinto/Agência Brasil
Venda da íris: Empresa paga R$ 600 para escanear olhos de brasileiros; entenda o motivo

A empresa responsável, Tools for Humanity, criou o dispositivo Orb, uma esfera que escaneia a íris e gera um código único, impossível de ser replicado por inteligência artificial. O processo é dividido em duas etapas: o download do World App, que também funciona como uma carteira digital, e a verificação presencial com o Orb. Após o escaneamento, o usuário recebe tokens WLD, que podem ser convertidos em criptomoedas ou reais.

Atualmente, o valor de mercado do token varia, mas o pagamento recebido pelos brasileiros tem girado em torno de R$ 630. O World garante que as imagens não são armazenadas, apenas o código gerado é criptografado e registrado no blockchain.

Como funciona?

  1. Escaneamento: Um dispositivo especial captura uma imagem da íris do usuário.
  2. Criação do código: A imagem é convertida em um código numérico único e irreversível.
  3. Armazenamento: O código é armazenado em um blockchain, garantindo a segurança e a imutabilidade dos dados.
  4. Recompensa: Em troca da participação, o usuário recebe uma quantidade específica de criptomoedas.

Worldcoin no Brasil

A iniciativa chegou ao Brasil em novembro de 2024 e rapidamente conquistou usuários. Em menos de um mês, mais de 115 mil brasileiros completaram o processo de verificação. Até janeiro de 2025, 540 mil pessoas haviam baixado o aplicativo, e 416 mil estavam aptas a realizar o escaneamento.

Os locais de verificação incluem espaços físicos como shoppings. O pagamento médio gira em torno de R$ 600 a R$ 750, dependendo da cotação do token no momento. A popularidade da iniciativa chamou a atenção da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que iniciou uma investigação para avaliar o cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

O escaneamento de íris é classificado como coleta de dados biométricos sensíveis, de acordo com a LGPD. Por isso, exige o consentimento explícito dos usuários. Especialistas alertam que o código gerado é irreversível, o que representa riscos em caso de vazamento de dados ou uso indevido. Além disso, o direito de exclusão de dados, previsto pela LGPD, é comprometido pela natureza do blockchain, que impede alterações ou exclusões das informações registradas.

A Tools for Humanity defende a segurança do processo e afirma que a tecnologia é uma solução para identificar humanos em um mundo cada vez mais digital, preservando a privacidade dos usuários. Entretanto, críticas relacionadas à transparência e à proteção de dados seguem sendo levantadas.


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