A mudança nos estabelecimentos privados que atendem às crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), em Teresina, tem sido motivo de preocupação para pais e responsáveis. Um grupo se reuniu na manhã de hoje (07) no Centro, depois que o plano Humana Saúde alterou as clínicas e os profissionais que fazem o atendimento às crianças diagnosticadas com TEA na capital. A mudança foi informada aos clientes via e-mail nos últimos dias. Para os pais, a alteração nas clínicas causa descontinuidade no tratamento, porque quebra o vínculo terapêutico entre o paciente e o profissional.

O documento de nove páginas assinado pelos pais das crianças assistidas pelo plano traz as reivindicações. A principal delas diz respeito justamente ao vínculo terapêutico ser o ponto central do sucesso no tratamento das crianças com TEA. “É uma relação de confiança, empatia e colaboração entre o terapeuta e o paciente. Esse vínculo é fundamental em qualquer tratamento, mas é especialmente importante para indivíduos com autismo, já que são indivíduos que muitas vezes têm dificuldade em se comunicar e se relacionar socialmente”, dizem os pais.

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Plano altera locais de atendimento a crianças com TEA e pais alegam descontinuidade no tratamento

Para eles, a quebra do vínculo e a tentativa de estabelecer um novo vínculo com profissionais novos em um novo ambiente torna ainda mais desafiador o processo terapêutico, já que a criança pode se tornar avessa ao novo profissional por já estar adaptada a outro terapeuta. Os pais pontuam ainda que a nova equipe precisa reiniciar etapas de avaliação e adaptação, atrasando intervenções efetivas, o que demanda tempo.

“A prevenção da quebra abrupta do vínculo terapêutico é essencial no tratamento de crianças autistas, para garantir que elas possam continuar a fazer progressos e desenvolver suas habilidades de maneira saudável e segura, prevenindo comportamentos disruptivos, como autolesões e agressões”, diz o manifesto assinado pelos pais.

A advogada Dayane Miranda, especialista em Direito da Saúde e que está acompanhando as famílias, explicou que a manutenção do tratamento nos moldes em que ele vinha sendo feito é imprescindível por conta da logística de organização e deslocamento, que já foi alterada em episódios anteriores pelo plano. Dayane fala sobre os prejuízos que a alteração dos locais de atendimento acarreta para as crianças em tratamento.

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Plano altera locais de atendimento a crianças com TEA e pais alegam descontinuidade no tratamento

“Isso causa uma regressão para as crianças que estão em tratamento além dos problemas emocionais familiares que resultam da incerteza de não saber se, na semana seguinte, os filhos novamente terão alteração em sua rotina. Nossa legislação inclusive garante que os beneficiários devem ter atendimento próximo à sua residência”, pontua Dayane Miranda.

A advogada alega que o Centro de Neurodesenvolvimento vinculado à Humana Saúde não possui capacidade de atender a alta demanda de pacientes. “Não possuem sequer capacidade de atender a crianças com outros diagnósticos, não existindo vagas para atender demandas como TDAH ou dislexia, mesmo com direcionamento da operadora de saúde”, afirma.

No documento, Dayane acrescenta ainda que após receber o e-mail informando da alteração do local de atendimento de suas crianças, os pais não foram mais procurados para saberem se os novos horários disponíveis estariam de acordo com a rotina familiar e o contraturno das crianças.

“É necessário considerar que os pacientes não podem ficar em filas de espera ou passar por novos processos de avaliação em ambientes diferentes, tendo em vista que já estão com tratamento em andamento e rotinas estabelecidas. Mais tempo de esperas e incertezas, seria prejudicial à garantia do direito à saúde e dignidade”, destaca a advogada.

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“Isso causa uma regressão para as crianças que estão em tratamento além dos problemas emocionais familiares", diz advogada

Reunidos com cartazes na sede da Humana Saúde no Centro, os pais protestaram cobrando explicações da operadora quanto às mudanças efetuadas e exigindo que elas sejam revistas. A reportagem do Portalodia.com procurou a Humana Saúde, que se manifestou em nota.

A Humana Saúde alega que está reestruturando sua rede credenciada e expandindo sua rede própria, visando ofertar o cuidado e o tratamento adequados. O plano de saúde afirma ainda que suas clínicas operadoras (Centros Integrados de Neurodesenvolvimento) já contam com mais de 1.300 crianças em atendimento especializado de alta qualidade e oferecem uma estrutura moderna, confortável e com profissionais qualificados nas especialidades ABA e outras que são específicas.

Confira abaixo a nota da Humana Saúde na íntegra:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A Humana Saúde informa que em momento algum houve qualquer descontinuidade no tratamento dos seus beneficiários.

O que a Humana Saúde vem realizando é uma reestruturação em sua rede credenciada e expansão de sua rede própria, visando ofertar o cuidado e tratamento adequados.

As clínicas da operadora (Centros Integrados Neurodesenvolvimento)já contam com mais de 1.300 crianças em atendimento especializado de alta qualidade e oferecem uma estrutura moderna, confortável e com profissionais qualificados nas especialidades ABA e outras que são específicas.

A Humana Saúde esclarece ainda que possui vagas suficientes para o atendimento nessas terapias e se coloca à disposição dos beneficiários para que seja plenamente garantida a sua assistência.