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Acusado de marcar encontro para matar jovem de facção rival é julgado em Teresina

Igor Rodrigues de Sousa responde pelo homicídio de Gisele Vitória Sampaio, que foi filmada sendo obrigada a cavar a própria cova antes de ser morta.

07/05/2024 às 11h16

Está sendo julgado nesta terça-feira (07) Igor Rodrigues de Sousa, réu pelo assassinato de Gisele Vitória da Silva Sampaio, 17 anos, cujo corpo foi encontrado em uma cova rasa às margens do Rio Poti, no bairro Mocambinho. O crime aconteceu em março de 2021 e ganhou ampla repercussão pela crueldade com que foi cometido: Gisele foi obrigada a cavar a própria cova enquanto era ameaçada pelos seus executores. Em seguida, os autores do crime enviaram uma foto dela no buraco para a família e, então a mataram com dois tiros na cabeça.

Igor Rodrigues de Sousa foi preso em abril de 2023 em um shopping no Rio de Janeiro. Segundo as investigações da polícia, ele teria assassinado Gisele porque ela fazia parte de uma facção rival à sua. O jovem marcou um encontro com ela e foi pegá-la em casa na noite do dia 08 de março. Desde então, Gisele não foi mais vista até que seu corpo foi encontrado mais de dois meses depois dentro de uma cova rasa em um cemitério clandestino no Mocambinho.

Gisele Vitória Sampaio foi encontrada morta enterrada em uma cova rasa nas margens do Rio Poti - (Reprodução) Reprodução
Gisele Vitória Sampaio foi encontrada morta enterrada em uma cova rasa nas margens do Rio Poti

Para o promotor João Malato, responsável pela acusação, ficou claro que Gisele foi morta por motivo torpe, porque integrava uma determinada facção e residia numa área controlada por um grupo rival. O grupo do qual Igor faria parte. “Concluiu-se que o acusado é membro do PCC e a vítima seria supostamente do Bonde dos 40. O local onde ela residia era controlado pelo PCC, então esse seria o motivo da morte dela”, explicou o promotor.

Na acusação, o representante do Ministério Público sustentou a tese de que o crime foi premeditado e minuciosamente executado por Igor. Ele já teria marcado o encontro com Gisele no intuito de matá-la. “O acusado cometeu um crime covarde porque premeditou. Ele levou a vítima até esse local ermo e fez o que a gente chama de execução do tribunal do crime. Inclusive depois uma amiga da vítima enviou à polícia conversa de Whatsapp na qual ela estava cavando a própria cova e nessas imagens mostra uma pessoa apontando uma pistola para a cabeça da vítima”, afirma João Malato.

Para o promotor João Malato, Igor premeditou o crime - (Arquivo O Dia) Arquivo O Dia
Para o promotor João Malato, Igor premeditou o crime

A promotoria de Justiça pede a condenação de Igor por homicídio triplamente qualificado (motivação torpe, sem chance de defesa da vítima e feminicídio), além da ocultação de cadáver. Pelo homicídio qualificado, Igor Rodrigues pode ser condenado de 12 a 30 anos de prisão. A esta pena pode-se acrescentar mais dois anos pela ocultação do cadáver.

Defesa rebate acusação e diz que Igor é “bode expiatório”

O advogado de defesa de Igor Rodrigues de Sousa, Assis Pereira, rebateu de forma contundente as alegações da acusação e disse que o réu é um “bode expiatório para colocar para a sociedade como se a polícia tivesse feito uma boa investigação”. De acordo com Assis, em momento algum nos autos do processo Igor foi colocado em contato com Gisele nem no local onde os restos mortais dela foram encontrados. A quebra do sigilo telemático do rapaz, segundo ele, não é suficiente para provar a autoria do crime.

Quando às mensagens trocadas entre Igor e a vítima, o advogado diz que ele costumava marcar encontros com várias garotas e que “é algo natural usar as redes sociais para paquerar”. Para Assis Pereira isso por si só não sustenta a tese de que o rapaz teria agido de forma premeditada para matá-la.

Julgamento acontece no Fórum Criminal de Teresina - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
Julgamento acontece no Fórum Criminal de Teresina

“Em momento nenhum estamos negando que o fato realmente aconteceu, que existe um crime bárbaro a ser apurado. Mas o primeiro direito de todo cidadão é de ser bem acusado. Não adianta fazer uma caça às bruxas e acusar qualquer pessoa simplesmente para dar uma resposta à sociedade. É fundamental que seja comprovada de forma inequívoca a autoria. Uma vez condenando um inocente, permite-se que os verdadeiros culpados permanecem nas ruas”, disparou o advogado de Igor.

Assis negou ainda que o réu seja faccionado e disse que o fato de ele morar em um bairro na periferia não o coloca como membro de uma organização criminosa.

O julgamento de Igor Rodrigues de Sousa acontece no Fórum Criminal de Teresina.

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Com informações de Raimundo Lima, da O Dia TV