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No Piauí, casos de HIV/Aids é maior entre jovens de 15 a 25 anos

Segundo a Secretária de Estado da Saúde (Sesapi), até novembro deste ano, 151 casos de Aids em adultos foram identificados, sendo a faixa etária de 20 a 34 anos a mais acometida pela doença.

01/12/2023 às 10h59

A campanha Dezembro Vermelho marca uma grande mobilização de luta contra o vírus do HIV, Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), chamando atenção para a prevenção, assistência e proteção dos direitos das pessoas infectadas com o HIV. E para destacar a importância da campanha, o dia 1º de dezembro foi escolhido para celebrar o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS.

Para 2023, o governo do Estado está desenvolvendo diversas ações voltada para o tema, especialmente para o público-alvo. Segundo dados do informe epidemiológico do HIV/Aids no Piauí, divulgado pela Secretária de Estado da Saúde (Sesapi), o Estado registrou, até novembro deste ano, 151 casos de Aids em adultos, sendo a faixa etária de 20 a 34 anos (49%) a mais afetada, seguida da população de 35 a 49 anos (32,5%). Além disso, a maioria das pessoas com Aids são do sexo masculino (74%).

HIV/Aids - (Reprodução / Agência Brasil) Reprodução / Agência Brasil
HIV/Aids

Karina Amorim, coordenadora de IST da Sesapi, comentou os dados divulgados e enfatizou que as atenções serão destinadas à população jovem, de 15 a 25 anos, que é sexualmente ativa ou está iniciando a vida sexual. Os óbitos por causa básica da Aids, no Piauí, em 2022, chegaram a 160, o número mais alto em oito anos. Os municípios que mais registraram notificações de casos de Aids em adultos foi Teresina (2.264); Floriano (132); Picos (115); Piripiri (93) e Campo Maior (70). Somente este ano, o Piauí teve 689 casos de HIV notificados e adultos.

É uma população que deve ter acesso o quanto antes à prevenção do HIV, sobre as formas de transmissão, onde buscar os insumos de prevenção, os serviços de saúde para fazer testagem e tratamento. Mas reiteramos que toda a população precisa ter acesso, e as ações devem ser desenvolvidas na rotina durante o ano inteiro

Karina Amorimcoordenadora de IST da Sesapi

A secretaria de saúde ressalta que tem o papel de apoiar e incentivar os municípios para que eles executem ações em prol e adesão da campanha Dezembro Vermelho. Para isso, estão sendo ofertados testes rápidos para que os municípios possam realizar as testagens, material informativo para as palestras, oferta de insumos de prevenção, como preservativos masculinos e femininos, além da profilaxia após infecção, como a PEP e a PrEP.

O uso dos preservativos é uma das principais formas de prevenção ao contágio da doença. - (Divulgação/Sesapi) Divulgação/Sesapi
O uso dos preservativos é uma das principais formas de prevenção ao contágio da doença.

A PEP é o uso de medicamento anti-HIV em caráter de urgência, após uma situação de risco, por somente 28 dias, e está disponível no Brasil há anos. Já a PrEP é o uso programado, ou seja, a pessoa começa a tomar antes da próxima exposição e toma por um tempo indefinido que depende de vários fatores. São maneiras de prevenção ainda desconhecidas pela maioria da população.

Além disso, a Sesapi está realizando parceria com a Secretaria de Educação e com a ONG Pela Vida, de São Paulo, que apresentarão aos estudantes filmes com abordagem sobre a prevenção do HIV/Aids, do estigma e do preconceito, além da sexualidade para a população alvo da campanha.

 “Ao descobrir que tem o HIV, as pessoas se desesperam e entram em pânico, justamente por conta desse estigma que vem acompanhando a epidemia da Aids ao longo da trajetória dos mais de 40 anos. Mas hoje em dia ela têm total chance de ter uma vida normal. Tem a medicação, é gratuita, tem testagem, formas de prevenção do HIV além do preservativo. As medicações proporcionam que essa pessoa tenha qualidade de vida e possa se relacionar, inclusive ter filhos sem HIV. O HIV/Aids é associado à morte, mas é puro preconceito, discriminação e estigma”, completa Karina Amorim.

Entenda a diferença entre HIV e Aids

Muitas pessoas confundem e outros desconhecem a diferença entre HIV e Aids. Karina Amorim, coordenadora de IST da Sesapi, explica que o HIV é o agente patológico. É um vírus da imunodeficiência que causa a doença, que é a Aids. Já a Aids é uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas ocasionados pela infecção do HIV. 

Quando a pessoa tem o HIV e inicia o tratamento de forma precoce, é possível deixar a carga viral tão baixa a ponto de não ser mais transmissível. Contudo, é importante lembrar que o HIV/Aids não tem cura, apesar disso, a pessoa pode ter uma vida normal. 

Sabendo que o tratamento precoce é a melhor forma de evitar a evolução do HIV/Aids, Karina Amorim destaca que a estratégia tem sido descobrir quem tem o HIV e iniciar o tratamento imediatamente, uma vez que o tempo de evolução do vírus para a síndrome da Aids e de aproximadamente cinco anos 

“O HIV pode ser adquirido, a pessoa estar infectado, transmitindo o vírus, mas não evoluiu para um quadro de Aids, quando surgem as doenças oportunistas. Ou seja, o que o HIV faz no organismo é a destruição das células da imunidade. Ele vai destruindo essas células e se replicando, ao ponto de que essa pessoa se torne suscetível a pegar outras doenças, como pneumonia, toxoplasmose, tuberculose, entre outras, que podem ocasionar o óbito, devido ao enfraquecimento do sistema imunológico”, pontua a coordenadora de IST da Sesapi.

Tratamento

É importante destacar que o tratamento contra HIV é totalmente gratuito e fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo tempo que a pessoa estiver em tratamento. Karine Amorim pontua que a medicação é tolerável e apresenta pouquíssimos efeitos colaterais e adversos.

Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo e ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente os ARV a todas as pessoas vivendo com HIV que necessitam de tratamento.

Testagem e diagnóstico

A testagem e o diagnóstico pode ser feito em qualquer Unidade de Saúde da rede, seja na unidade básica de saúde mais próxima da residência da pessoa, como no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), ou ainda nos hospitais de urgência e média urgência. A testagem está descentralizada na rede e nas unidades, que devem fornecer o teste rápido para qualquer pessoa que tenha a vida sexualmente ativa. 

Onde encontrar?

 O tratamento é feito no Serviço de Atendimento Especializado. Se o diagnóstico for positivo, essa pessoa será encaminhada para um dos pontos de testagem e diagnóstico. No Piauí, há locais específicos para fazer o acompanhamento desses pacientes, bem como a disponibilização dessa medicação, e ficam localizados em Parnaíba, Piripiri, Teresina, Picos, Oeiras e Floriano.