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Morre Nego Bispo, pensador e líder quilombola piauiense, aos 63 anos

Nego Bispo era uma voz ativa das comunidades quilombolas tradicionais do Piauí e enfrentava as complicações da diabetes.

04/12/2023 às 08h30

Morreu na tarde deste domingo (03) Antônio Bispo dos Santos, mais conhecido como Nego Bispo. Ele era líder quilombola, mestre, lavrador, pensador, ativista político e uma voz ativa das comunidades quilombolas tradicionais do Piauí. Nego Bispo sofria de complicações de uma diabetes, e estava prestes a completar 64 anos. 

Nego Bispo - (Reprodução / Redes Sociais) Reprodução / Redes Sociais
Nego Bispo

Nego Bispo traduzia as histórias e sabedorias de sua comunidade para a escrita, como uma uma forma de preservar e compartilhar a riqueza cultural quilombola. Ele desenvolveu diálogos sobre resistência negra, sociabilidade e a relação harmoniosa com a natureza.

Nascido em 1959, no Vale do Rio Berlengas, no interior do Piauí. Formou-se pelos ensinamentos de mestras e mestres de ofício do quilombo Saco-Curtume, município de São João do Piauí. Por conta da contribuição inestimável para a compreensão e preservação da cultura e identidade quilombola, seu trabalho será lembrado e reverenciado por gerações.

Líderes da resistência negra e autoridades lamentaram a morte do líder quilombola. Assunção Aguiar, superintendente de Igualdade Racial e Povos Originários (Suirpo) da SASC se referiu ao Nego Bispo como "Referência". Rafael Fonteles postou nas redes sociais nota de pesar pelo falecimento de "uma das maiores referências da luta quilombola no país".

Nego Bispo - (Guilherme Fagundes / divulgação) Guilherme Fagundes / divulgação
Nego Bispo

Assunção Aguiar, superintendente de Igualdade Racial e Povos Originários (Suirpo)

Ancestralidade. Referência. Eternidade.

É com muita tristeza que recebemos a notícia de sua partida, companheiro. Axé. Descanse em paz. Que Iansã te receba.

Rafael Fonteles, Governador do Piauí

O Piauí perdeu hoje uma das maiores referências da luta quilombola no país. Morador do Quilombo Saco-Curtume, em São João do Piauí, Nego Bispo usou seu saber ancestral para escrever artigos, poemas e livros que ficam como um importante legado para todos nós.

Meus sentimentos à família e aos amigos, e que Deus o receba em seu descanso eterno.

Interpi, Instituto de Terras do Piauí

Hoje, despedimo-nos de Antônio Bispo dos Santos, mais conhecido como Nêgo Bispo. Lavrador, poeta, escritor, professor, ativista político e voz proeminente das comunidades tradicionais do Brasil. Sua jornada educacional reflete a riqueza da tradição quilombola, aprendendo através da oralidade e dos ensinamentos ancestrais.

Sua habilidade de traduzir as histórias e sabedorias de sua

comunidade para a escrita foi uma forma de preservar e compartilhar a riqueza

cultural quilombola. Ele não se via como intelectual, mas sim como um relator

de pensamentos e saberes, construindo diálogos sobre resistência negra,

sociabilidade e a relação harmoniosa com a natureza.

Nêgo Bispo será lembrado não apenas como uma voz ativa na

defesa dos direitos dos quilombolas e da terra, mas como um guardião incansável

da cultura e dos valores das comunidades tradicionais do Brasil.

Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombola (Conaq)

É com profundo pesar que lamentamos a partida de Antônio Bispo dos Santos, uma voz singular e significativa no âmbito da literatura e do pensamento quilombola.

Nascido em 1959, no Vale do Rio Berlengas, Piauí. Formou-se

pelos ensinamentos de mestras e mestres de ofício do quilombo Saco-Curtume,

município de São João do Piauí.

Sua contribuição inestimável para a compreensão e preservação

da cultura e identidade quilombola será lembrada e reverenciada por gerações.

Neste momento de perda, expressamos nossas condolências à família, amigos e

admiradores, e reafirmamos a importância de honrar seu legado e perpetuar suas

ideias. Que sua memória inspire e ilumine o caminho daqueles que seguem a luta

pela valorização e reconhecimento das comunidades quilombolas.