Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) apontou que 60,4% das rodovias federais no Piauí apresentam algum tipo de problema em sua estrutura, sendo considerada regular, ruim ou péssima. Já 39% das rodovias são consideradas ótimas ou boas. O estudo, divulgado nesta quarta-feira (29), está na 26º edição e é o maior levantamento sobre infraestrutura rodoviária do Brasil.
Ao todo, foram encontrados 107 pontos críticos na malha rodoviária do estado. Conforme os dados, a sinalização das rodovias federais do Piauí são consideradas regulares, ruins ou péssimas em 74% da extensão rodoviária. Além disso, 53,3% dos trechos com curvas perigosas não têm sinalização. As pistas simples predominam em 98% do estado e falta acostamento em 35% dos trechos avaliados.
Este ano, o levantamento analisou 11.502 quilômetros de rodovias pavimentadas no país. A pesquisa avalia toda a malha pavimentada das rodovias federais e dos principais trechos estaduais. No Piauí, foram analisados 3.474 km, que representa 3,1% do total pesquisado no Brasil. São verificadas características como condições do pavimento, placas, sinalização, pontes, dentre outras.
O transporte rodoviário é responsável pelo deslocamento de 65% das cargas e de 95% dos passageiros no país. Dessa forma, a qualidade do asfalto nas estradas influencia o custo do transporte, refletindo diretamente nos valores dos produtos para o consumidor.
Quando as rodovias não estão em boas condições, o consumo de combustível se eleva, gerando impactos negativos mensurados no contexto da sustentabilidade, através do desperdício de óleo diesel. Além disso, estes indicadores afetam o desempenho e segurança dos motoristas que diariamente utilizam as vias.
De acordo com o estudo, as más condições de pavimentos encontradas no Piauí geram um aumento de 21,8% no custo operacional do transporte, o que reflete na competitividade do Brasil e no preço dos produtos. Estima-se ainda que a má qualidade dessas rodovias cause um consumo desnecessário de óleo diesel. Em 2023, por exemplo, mais de 25 milhões de litros de diesel foram desperdiçados, o que gera um custo de R$ 170 milhões aos transportadores.
Os problemas identificados nas rodovias piauienses também se refletem no alto custo com acidentes de trânsito. Em 2022, o prejuízo gerado por acidentes foi de R$ 276,85. No mesmo ano, o governo gastou R$ 80,49 milhões com obras de infraestrutura rodoviária de transporte.
A CNT ressalta que, para recuperar as rodovias do Piauí através de ações de reconstrução, restauração e manutenção, é necessário R$ 1,68 bilhão. Este ano, do total de recursos autorizados pelo governo federal para a infraestrutura rodoviária do Piauí (R$ 311,56 milhões), foram investidos R$ 49,06 milhões até setembro.
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Sobre os dados apresentados pela pesquisa, a reportagem do O DIA entrou em contato com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que informou que monitora mensalmente as condições das rodovias federais no Piauí e que “trabalha para garantir o melhor nível de serviço dentro da disponibilidade orçamentária”.
No Piauí, o DNIT administra cerca de 2,5 mil quilômetros de rodovias, sendo que atualmente 97,3% desse total está coberto por algum tipo de contrato (manutenção/conservação, restauração ou construção), garantindo a trafegabilidade das rodovias em condições adequadas.
“A partir de um planejamento integrado, de valorização da gestão técnica e ampliação dos investimentos do Governo Federal ao longo deste ano foi possível assegurar a manutenção da malha rodoviária e dar celeridade ao andamento de obras estruturantes em todo o país”, informou o DNIT.
Cenário nacional
De modo geral, 67,4% das rodovias de todo Brasil estão classificadas como regulares, ruins ou péssimas. Já 32% é classificada como ótima ou boa. O estudo estimou que, em 2023, o aumento do custo operacional do transporte rodoviário de cargas, em decorrência da má conservação do pavimento das rodovias no Brasil, foi de 32,7%. O percentual ficou levemente abaixo do registrado no ano passado: 33,1%.
A pesquisa detectou um total de 2.648 pontos críticos em todo o país, indicando locais com condições fora do comum que prejudicam o fluxo de tráfego, representam riscos à segurança dos usuários e resultam em custos adicionais para a gestão viária.
A região Norte revelou os piores indicadores na pesquisa, com quase 16% da extensão de suas rodovias em estado péssimo e 25% em condições ruins. Nesse contexto, o estado do Acre destaca-se como o mais preocupante, com quase metade (48%) de suas estradas em péssimas condições e menos de 1% em estado bom, conforme aponta a CNT.
O estudo da confederação estima que os investimentos necessários para reabilitar as rodovias brasileiras, por meio de ações de reconstrução, restauração e manutenção, ultrapassem R$ 94 bilhões. Apenas uma pequena fração desse montante foi aplicada. Segundo a pesquisa, o governo destinou R$ 6,7 bilhões para obras de infraestrutura rodoviária no ano passado.
Para o ministro dos Transportes, Renan Filho, o estudo publicado pela CNT é importante para que se possa verificar a melhora de qualidade nas vias do país. Ele comenta que a pesquisa atesta que, nos últimos 7 meses de governo, houve uma interrupção da piora da malha rodoviária do país.
"Esse é um dado muito relevante, pois a qualidade vinha caindo desde o ano de 2016. Os dados divulgados hoje mostram sinais da retomada da qualidade das vias federais”, disse.