Em entrevista ao Jornal O Dia, o deputado federal Júlio César, presidente regional do PSD no Piauí, analisou o fortalecimento do partido após as eleições municipais e as articulações para 2026. Ele destacou a aliança entre PSD e MDB, que garantiu prioridade na disputa pelo Senado, e avaliou a possibilidade de uma nova coligação cruzada entre as legendas, reforçando a importância do alinhamento estratégico entre os líderes políticos.

O parlamentar também comentou o cenário da oposição no estado, reconhecendo sua maior articulação após as eleições, mas reafirmando o compromisso do PSD com a base governista. Além disso, ele analisou os investimentos estaduais e federais no Piauí e o impacto da gestão do prefeito Silvio Mendes em Teresina, destacando o posicionamento do partido diante dos desafios da nova administração municipal.
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Júlio César ainda abordou a possível extinção de partidos menores e como isso pode fortalecer o PSD no estado. Sobre a disputa pelo Senado, ele comentou o apoio de deputados petistas a Flávio Nogueira e a possível indicação do vereador Enzo Samuel como seu suplente, afirmando que as articulações seguem em andamento. Confira a entrevista na íntegra:
1. O PSD saiu bastante fortalecido com as eleições passadas. Como o senhor avalia a atual composição política do partido no Piauí?
“O PSD é um partido que tem apenas treze anos. E se tornou durante esse período o maior partido do Brasil pela credibilidade de seus líderes, pela confiança, pela segurança daqueles que estão no partido e que estão vindo, saindo de outros partidos para virem pro nosso partido, tanto a nível nacional quanto a nível estadual. A nível nacional nós elegemos, comandado por esse grande líder Gilberto Kassab, 893 prefeitos. E o Piauí em termos de número de prefeitos ficou em quinto lugar no Brasil, só em número de prefeitos comparando com os outros estados brasileiros. Aqui no Piauí nós elegemos 65 prefeitos de 224 municípios. O segundo ficou com 57 e o terceiro com 50. E o quarto com 34 prefeitos. Então nós temos uma participação grande na política do Piauí, esse partido é comandado por nós uma grande participação do deputado Georgeano, da senadora Jussara, de inúmeras outras lideranças que nós temos e que cada dia mais a confiança é reconhecida por aqueles que foram eleitos por outros partidos. Então nos sentimos orgulhosos de presidir este partido e que é um partido que cada dia mais transmite segurança aos seus aliados e confiança para que ele possa nas próximas eleições disputar e disputar competitivamente com a eleição”
2. Recentemente, em reunião com o governador Rafael Fonteles, ficou definido que PSD e MDB, especialmente com seu nome e o do senador Marcelo Castro, terão prioridade na candidatura majoritária com vistas ao Senado. Foi uma decisão acertada? Isso é o que deveria já ter sido confirmado anteriormente?
“Eu acho que foi muito racional e é uma decisão matemática. O governador é um matemático, ele sabe o fazer números. Ele é do PT, candidato à reeleição com o apoio de todos nós, e é um orgulho do Piauí ter um governador na dimensão que ele tem, do conhecimento e na segurança de gestões de resultados em favor do povo. E os outros dois partidos são o MDB e o PSD. São partidos da base, são partidos mais ou menos equilibrados, que têm a mesma força, e no caso do MDB já tem um senador, é o senador Marcelo Castro. No caso do PSD que nós não temos cargo na chapa majoritária vai caber, pelo que o próprio governador disse que uma vaga é do MDB e a outra vaga é do PSD. E tanto no MDB quanto no PSD nós já sabemos o que vai acontecer”
3. Observamos ainda a tendência do arranjo político capitaneado pela coligação cruzada entre MDB e PSD, com vistas do que aconteceu em 2022, também se repetir em 2026. É uma articulação política de comum acordo com todos os personagens políticos?
“Isso é uma decisão encaminhada pelo governador. Essa coligação cruzada deu certo na eleição passada. E para o PSD nas próximas, pelo que nós estamos vivendo no momento, o ideal é que não existisse. Mas como é importante para todos os partidos a gente não faz faz o ideal, fazemos o racional, e nós estamos nessa racionalidade de manter o que fizeram no passado”
4. A oposição no estado tem demonstrado maior articulação após as eleições municipais de 2024. Como o senhor enxerga o papel do PSD nesse contexto? Há possibilidade de alianças com grupos oposicionistas?
“Nunca sinalizamos, não tem nenhum desejo nosso, nossa determinação já sabe o governador, nós já tivemos com ele, nós somos da base e queremos continuar na base”
5. O governo estadual tem enfatizado investimentos em infraestrutura e parcerias com o setor privado. Como o senhor avalia os investimentos estaduais no estado?
“O maior investimento que o governador tem feito aqui no Piauí para melhorar a vida do seu povo é com empréstimo. A capacidade de investir com recursos do orçamento do estado existe, mas os grandes investimentos foram com distribuição em todos municípios dos recursos dos empréstimos que o governador fez”
6. A volta de Silvio Mendes à Prefeitura de Teresina traz novos desafios para a capital. Como o PSD pretende se posicionar em relação à gestão municipal e possíveis colaborações?
“O prefeito já fez uma manifestação pública, é o nosso trabalho, não foi nem o próprio partido, o nosso trabalho como parlamentar desde o seu primeiro mandato em 2009, sendo mantido até 2013 caiu uma liminar que vigeu durante todo esse período por a gestão anterior conseguiu uma liminar, a liminar, pelas normas que o Supremo tem vigência de até 90 dias e nós conseguimos com o apoio do jurídico que defendeu a prefeitura, manter essa liminar em 2023 e 2025, melhor dizendo. Então o que que diz essa liminar? Diz que é mantido o coeficiente de 6,25% que desde 2009 foi concedido para que o FPM seja distribuído por um valor bem mais expressivo. Para você ter uma ideia, entre o que cresceu do FPM normal, que cresceu dos 1% que têm julho, dezembro, setembro isso representa quase R$ 500 milhões a mais para Teresina. Então nós trabalhamos, sempre digo, com política de resultado. Não somos deputado apenas para estar dizendo que fez um discurso, fez isso e aquilo. Nós mostramos o resultado. Como nós temos inúmeros resultados nas leis de renegociação de débito dos agricultores, dos comerciantes, do FCN, que é o fundo constitucional do nordeste, administrado pelo Banco do Nordeste. Aqui já foram beneficiadas 130 mil pessoas. Nós tínhamos aqui mais de R$ 4 bilhões dado baixa no patrimônio do fundo lá junto ao Banco do Nordeste e que serviu para recuperar a parte, parte daquilo que não pertencia mais ao patrimônio do FNS. Então nós, com esse trabalho, com essas ações, nós mostramos pro povo do Piauí tanto que isto representa para melhorar a vida de cada um”
7. Como o senhor avalia hoje os investimentos federais que estão sendo destinados ao Piauí?
“Além do mais, nós estamos defendendo um projeto de emenda à constituição aumentando o FPE e o FPM em mais 1,5% no mês de março. E agora chegou a PEC 66. PEC é bom que se explique melhor, Projeto de Emenda à Constituição, ela prevê um parcelamento dos débitos previdenciários que 95% dos municípios do Piauí tem junto a previdência brasileira, junto ao Ministério da Fazenda, isso prevê o parcela de até 300 meses. E pela lei atual, só pode ser 60 meses. Então, aumentando de 60 para 300 é cinco vezes mais e a parcela é cinco vezes menor. Então é muito importante. E além de tudo isso, nós vamos continuar lutando para que o Supremo derruba aquela liminar dos royalties do petróleo, que é importantíssimo para todos os estados, em todos os municípios brasileiros, principalmente aqueles excluídos que não seja nem do Rio de Janeiro, nem de São Paulo, nem do Espírito Santo. Então, tirando esses três, 24 unidades federadas serão muito beneficiadas e nós trabalhamos para que seja derrubado esta liminar do petróleo. Para se ter uma ideia, essa liminar de 2013 até 2024 o Piauí já perdeu R$ 10,5 bilhões, o estado R$ 6,5 bilhões e os municípios R$ 4 bilhões só do estado do Piauí”
8. Com a possível extinção de partidos menores, defendida por várias lideranças no âmbito nacional, o senhor acredita que o PSD pode se fortalecer ainda mais no Piauí, absorvendo lideranças e ampliando sua base eleitoral?
“Como nós somos um partido grande e um partido que transmite confiança, como falei, aqueles que a ele pertence, acho que nós vamos atrair muito o interesse dos pequenos partidos. Mas isso é uma articulação, é um respeito que nós temos aos pequenos, quem faz avaliação de que deve se incorporar a outro partido, principalmente o pequeno. E o nosso por sermos grande é o desejo e lá a decisão é deles”
9. Recentemente, um grupo de deputados federais do Partido dos Trabalhadores declarou apoio ao também deputado Flávio Nogueira como pré-candidato ao Senado em 2026. Essa decisão não fragiliza a base governista que já deliberou pelo apoio do seu nome e de Marcelo Castro?
“Eu não vou combater. Eu respeito a decisão desse grupo, a eleição está bem distante, eu sempre vejo quando a eleição de prefeito, por exemplo, está faltando um ano, um ano e meio, tem oito até dez pré-candidatos, quando chega perto cada um faz a sua avaliação. Não sou contra, respeito, mas avaliação se é viável ou não é a inteligência de cada dirigente desses partidos”
10. É cogitado nos bastidores a possível indicação do vereador e presidente da Câmara de Teresina, Enzo Samuel (PDT), como possível suplente do senhor no Senado. É um nome que pode vir a somar na articulação política?
“Isso é uma articulação embrionária, começo de uma articulação, é uma avaliação que cada um que deseja [ser suplente] e o partido que deseja vir faça essa avaliação. O nome do Enzo Samuel é um grande nome. Ele é presidente de um dos dois Poderes em Teresina, que é o Legislativo e o Executivo, esse grande prefeito Silvio Mendes, e nós estamos ouvindo. Achamos uma boa alternativa. Mas em política, entre aquilo que é bom e aquilo que é possível, nós vamos trabalhar para que o possível seja bom também”
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