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Cidades do Piauí registram mais de 350 dias de calor extremo em 2024

Em todo o Brasil, mais de 6 milhões de pessoas ficaram expostas a calor extremo no ano passado; em 2025, o primeiro mês do ano já é o mais quente registrado na história

09/02/2025 às 12h25

O ano de 2024 foi marcado por recordes de temperatura em todo o Brasil, com mais de 6 milhões de pessoas expostas a pelo menos 150 dias de calor extremo. No Piauí, cidades como Santa Filomena, Ribeiro Gonçalves e Baixa Grande do Ribeiro, localizadas no Sul do estado, registraram, respectivamente, 128, 123 e 109 dias com temperaturas superiores a 40ºC.

Um levantamento feito pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) aponta que 111 cidades brasileiras enfrentaram pelo menos cinco meses de calor intenso, em um ano que já entrou para a história como o mais quente registrado no planeta. Em todo o país, todas as cidades tiveram ao menos um dia de temperatura máxima extrema.

Cidades do Piauí registram mais de 350 dias de calor extremo em 2024 - (Arquivo Agência Brasil) Arquivo Agência Brasil
Cidades do Piauí registram mais de 350 dias de calor extremo em 2024

O professor Rafael Marques, mestre em Estudos Regionais e Geoambientais e doutorando em Geografia pela UFMG, explica que o fenômeno não é isolado e está diretamente ligado às mudanças climáticas globais. "A permanência de gases de efeito estufa na atmosfera intensifica e prolonga as ondas de calor, dificultando a formação de chuvas regulares. Isso pode levar a estiagens mais severas em algumas regiões e tempestades intensas em outras", alerta o especialista.

Janeiro de 2025 foi o mês mais quente da história

Os efeitos do superaquecimento do planeta continuaram no início de 2025. O mês de janeiro registrou a maior temperatura média global da história, com um aumento de 1,75ºC em relação aos níveis pré-industriais. Segundo o Serviço Copernicus para Mudanças Climáticas da União Europeia, a temperatura do ar na superfície chegou a 13,23ºC, superando a média histórica para o período.

O professor Rafael Marques destaca que esse aumento segue uma tendência preocupante. "Já são 18 dos últimos 19 meses com temperaturas globais acima de 1,5ºC em relação ao período pré-industrial. Isso mostra que o planeta está aquecendo rapidamente e que as ações humanas, como a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento, são fatores determinantes para essa crise climática".

Janeiro de 2025 foi o mês mais quente da história - (Jailson Soares/O Dia) Jailson Soares/O Dia
Janeiro de 2025 foi o mês mais quente da história

Mesmo com a influência do fenômeno La Niña, que tende a resfriar temporariamente o planeta, o calor bateu recordes em várias regiões, como sudeste da Europa, Alasca, Sibéria, sul da América do Sul e parte da Austrália. No Brasil, os impactos já são perceptíveis, especialmente na Amazônia.

"Com o aumento do desmatamento e a elevação das temperaturas, a Amazônia tem registrado menor volume de evapotranspiração, o que reduz a formação de chuvas".

Rafael MarquesProfessor e Mestre em Geografia

Além do calor extremo, o aumento das temperaturas também tem impacto nos oceanos, que registraram uma média de 20,78ºC na superfície em janeiro. Esse aquecimento pode afetar ecossistemas marinhos, aumentar a ocorrência de tempestades e influenciar o regime de chuvas no Brasil.

O professor também alerta para a alta concentração de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono e metano, que intensificam as ondas de calor. "A permanência desses gases na atmosfera torna os períodos de calor mais intensos e prolongados, além de dificultar a formação de chuvas regulares", destaca. Isso pode significar estiagens mais severas em algumas regiões e chuvas excessivas em outras.

Outro fator preocupante é o aumento da temperatura dos oceanos. Em janeiro, a superfície do mar registrou uma temperatura média de 20,78ºC, a segunda maior para o mês na história. Esse aquecimento pode levar à acidificação dos oceanos, prejudicando corais e ecossistemas marinhos. "A temperatura da superfície do mar tem impacto direto no clima global e pode intensificar eventos extremos, como tempestades e furacões", alerta Marques.

Aumento da temperatura dos oceanos é outro fator preocupante - (Fernando Frazão/Agência Brasil) Fernando Frazão/Agência Brasil
Aumento da temperatura dos oceanos é outro fator preocupante

Tendência preocupante para os próximos anos

A previsão dos especialistas não é otimista. Com o aumento constante das emissões de gases poluentes e a continuação do desmatamento, a tendência é que novos recordes de temperatura sejam registrados. "Nem mesmo a influência de La Niña conseguiu frear esse aumento. Os dados indicam que estamos em uma tendência crescente de superaquecimento do planeta", conclui o professor.

Reduzir a emissão de poluentes, preservar áreas de vegetação nativa e investir em políticas públicas para adaptação ao novo regime climático são medidas urgentes para enfrentar esse desafio global que já afeta a vida de milhares de pessoas.


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