O teresinense pode esperar um B-R-O-Bró mais quente e seco neste ano de 2023. É o que diz o climatologista Werton Costa ao fazer uma análise de como deverá ficar o tempo na capital piauiense a partir do final de agosto. Ele frisa, no entanto, que mesmo só começando oficialmente em setembro, a época mais quente do ano já começa a dar sinais de que pode se antecipar. Segundo Werton, o Piauí já vive um momento de estiagem em algumas regiões, muito embora ainda haja mais precipitação para ocorrer no decorrer de maio.
Teresina já vem em ciclos ascendentes de temperatura durante o B-R-O-Bró há pelo menos três anos e a tendência de baixa umidade característica do período pode se agravar mais em 2023.
"Claro que já tivemos BR-O-Bró com chuvas, mas agora vamos para um B-R-O-Bró sem chuva. Isso é muito preocupante porque esse período, que já é quente por natureza, pode ficar ainda mais quente. O que temos no presente momento é um padrão de baixa umidade que esperamos que não seja tão grotesco, mas se a natureza não nos surpreender, teremos padrões de umidade semelhantes a deserto por mais tempo durante o B-R-O-Bró e isso não é bom para ninguém", explica Werton Costa.
Ele afirma que o teresinense já tem sentido na pele o aumento da sensação térmica mesmo com as chuvas que têm caído nos últimos dias. A estiagem típica do B-R-O-Bró, segundo o climatologista, já começou e isso se reflete principalmente no campo com a secura do solo. A terra molha com a chuva, mas essa umidade não dura muito e rapidamente vai embora, o que faz com que o ar se torne mais seco e mais prejudicial de ser inalado.
"Essa antecipação do ar mais seco não é boa, porque, por exemplo, o agricultou precisa da umidade do solo para plantar. Nossa saúde também se afeta, principalmente aqueles que têm problemas respiratórios, porque ambientes muito secos facilitam a propagação de doenças alergênicas, síndromes gripais e respiratórias", diz Werton.
Outro ponto que também preocupa o especialista, que faz parte da Defesa Civil estadual, é a possibilidade de antecipação de incêndios e queimadas características do B-R-O-Bró no Piauí. Ele comenta que os órgãos de fiscalização como a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semar), Corpo de Bombeiros e a própria Defesa Civil estão atentos e monitorando a situação em todo o Estado.
Enquanto o B-R-O-Bró não chega, a chuva se faz presente
A primeira semana de maio deve ser chuvosa em Teresina segundo o que aponta a meteorologia. Há probabilidade de chuva neste final de semana e também nos próximos dias e isso se deve principalmente ao tempo abafado e aquecido. Werton Costa explica que a nível nacional está sendo monitorado o deslocamento de uma massa de ar polar que já está se posicionando sobre o Estado de Minas Gerais e que deve entrar ainda esta semana no Sul da Bahia.
Ele diz que essa massa de ar vai instabilizar, ou seja, começar a formar nuvens de chuva na região e deve permanecer assim pela primeira semana de maio inteira, provocando chuvas.
Piauí tem quatro momentos de chuva e Teresina ainda está sob influência de um deles
O Piauí tem quatro momentos de chuva no ano, segundo explica a Climatologia. O primeira começa no extremo Sul do Estado ainda entre novembro e dezembro. Essa chuva, então, sobe entre dezembro e janeiro para a faixa do Cerrado e do Sertão e, entre janeiro e fevereiro, ela se concentra na Grande Teresina até o Vale do Longá. É o típico período chuvoso teresinense.
O que chama a atenção, segundo os especialistas, é que na segunda quinzena de abril até maio, essa chuva sobe para o extremo Norte piauiense e enquanto 80% do território do Estado está sem precipitação, o litoral continua recebendo um grande volume de chuva. Teresina e boa parte dos municípios do Médio Parnaíba sofrem influência desse sistema."Os volumes esperados para maio são ainda consistentes. A média oscila entre 100 e 150 mm. Isso significa que metade da chuva de abril. Essas chuvas de maio, quando ocorrem, são movimentadas pela elevação da temperatura. Maio é muito mais quente que abril porque já é fase de transição para o período seco, então quando as chuvas ocorrem são a partir de uma nuvem eletricamente carregada e tende a ser bastante impactante", finaliza Werton Costa.