A Semana Santa é um período litúrgico da tradição cristã que inicia com a celebração da Paixão do Senhor, ou Domingo de Ramos, e representa os sete dias de caminhada de Jesus Cristo até Jerusalém, e é marcada pela Segunda-Feira Maior, Terça-Feira Maior, Quarta-Feira Maior, Quinta-Feira Santa, Sexta-Feira Santa, Sábado de Aleluia e pelo Domingo de Páscoa (ou Ressurreição).
É um período que retrata Jesus se aproximando de sua redenção e realizando suas últimas ações, como a Última Ceia com seus discípulos, entre outros eventos. Na Quinta-Feira Santa é celebrada a ceia do Senhor, a instituição da eucaristia, do sacerdócio e o gesto do lava-pés. Foi na Quinta-feira que Jesus reuniu-se com os seus discípulos, tendo com eles a Última Ceia. Jesus lavou os pés de seus discípulos, e esse ato deu origem ao rito de lava-pés entre os cristãos.

“O gesto do lava-pés nos faz mais humanos, e Cristo é aquele divino e humano entre nós. O lava-pés significa servir, amor, acolher o outro da forma como ele é, e nesse dia o Senhor institui a eucaristia. Não é um simples pedaço de pão e um pouco de vinho. Para nós é o corpo e o sangue do Senhor. É o sacerdócio, o primeiro a fazer o milagre acontecer pela força do Espírito Santo em nome de Cristo”, explica o padre Nery, assessor eclesiástico da Comunicação na Arquidiocese de Teresina.
Na Sexta-feira Santa, a Igreja Católica celebra a Paixão do Senhor, relembrando a crucificação de Jesus. Neste dia, Cristo foi julgado, condenado, torturado e crucificado. Sua crucificação é conhecida pelos cristãos como a Paixão de Cristo - um ato que redimiu a humanidade de seus pecados. Jesus morreu nesse dia.
Jesus sofreu em sua carne tudo aquilo que a humanidade sofre hoje. Deus, que tanto nos ama, nos dá o seu filho, que assume na sua carne e nossa vida, nos libertando da morte eterna
Já no Sábado Santo é celebrada a vigília pascal. Uma missa que começa fora da igreja, ao redor de uma fogueira, momento que é acendida uma grande vela, chamada de círio pascal. Posteriormente, todos adentram a igreja proclamando a páscoa e são feitas sete leituras, sete salmos e sete orações. “A igreja é iluminada e ornamentada com flores para dizer que Cristo ressuscitou. E com o nosso aleluia pascal, firmamos em nossa vida que Cristo está vivo e presente”, explica o pároco. As missas têm início na Quinta-feira, sendo realizada a comunhão na Sexta-feira e se prolongando até o Sábado Santo.
Para a Igreja Católica, o Domingo de Páscoa, ou da Ressurreição, é a celebração mais importante do ano litúrgico. Marca a vitória de Jesus Cristo sobre a morte, ao ressuscitar no terceiro dia após sua crucificação. É o centro da fé cristã, pois confirma a promessa da vida eterna e a salvação da humanidade. A data simboliza a renovação, a esperança e a alegria da nova vida em Cristo, sendo vivida com fé, oração e comunhão.

Religiões de matriz africana: Semana Santa é vivida com recolhimento e espiritualidade
A Semana Santa, para as religiões de matriz africana, é também um período sagrado, marcado por respeito, introspecção e conexão espiritual profunda. Embora os rituais e fundamentos sejam diferentes dos praticados por outras religiões, o sentido de fé e reverência está presente de forma intensa.
Pai Frazão de Xangô, sacerdote do Ilê Axé de Preto Velho, localizado na Vila Irmã Dulce, zona Sul de Teresina, explica que, nas casas de axé, a Semana Santa é vivida com recolhimento e espiritualidade. “Nossa religiosidade respeita essa data como sendo especial, e, por isso, fazemos alguns recolhimentos específicos para resguardarmos nossos corpos e concentrarmos nossa energia espiritual de forma mais intensa”, cita.
Ele explica que a fé direciona-se sempre à luz e ao bem. Mesmo que os cultos sejam distintos, há um reconhecimento da importância desse período.
Também cremos nesse ser divino e de luz que esteve entre nós. Por isso, fazemos algumas abdicações, mas não como o jejum que acontece nas demais religiosidades. Abdicamos de certas funções nesse período, como a sacralização
Em algumas casas mais tradicionais, durante a Semana Santa, são realizadas orações e até mesmo o terço é rezado. Também é comum a realização de vigílias dentro dos terreiros, onde as rezas e cânticos se estendem até o amanhecer, como forma de agradecimento pela vida e pela força espiritual.
Os três dias mais simbólicos da Semana Santa — Sexta-feira Santa, Sábado Santo e Domingo da Ressurreição — também são celebrados com rituais próprios. “Temos uma ligação com essas datas muito antes do cristianismo. Dentro da nossa crença e dos nossos cultos, a Sexta-feira Santa é um dia tão respeitado quanto o dia dos nossos orixás, que são cultuados mês a mês. Nesse dia, nos recolhemos em louvor, ficamos 24 horas vestidos de branco e, por considerarmos essa conexão com o ser supremo com a mãe terra, dormimos no chão, em esteiras”, ressalta Pai Frazão.

No Sábado Santo, ao amanhecer, também chamado de alvorada, tambores são tocados em comemoração à vida e à resistência. A celebração inclui atos de solidariedade, que reforçam os valores de igualdade e comunidade.
O Domingo de Páscoa é encerrado com o desjejum, uma ceia partilhada entre os membros da comunidade. “Fazemos um banquete em comemoração à vida, encerrando o período da Semana Santa”, conclui Pai Frazão. A celebração é apoiada por entidades como Coordenação de Entidades Negras (Conen), Articulação Nacional de Povos de Matriz Africana e Ameríndio (Anpma) e do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Africana (Cenarab).
Evangélicos não seguem os mesmos rituais praticados pelos judeus e pela Igreja Católica
A Semana Santa também é celebrada pelos evangélicos, que, nesse período, dão ênfase à morte e ressurreição de Jesus. A Páscoa é um momento para relembrar que Cristo celebrou, junto com seus discípulos, a Última Ceia. Pastor da Igreja Cristã Evangélica, localizada no Buenos Aires, zona Norte de Teresina, Maurício de Sousa, explica que os evangélicos não seguem os mesmos rituais praticados pelos judeus e pela Igreja Católica.

“Nós não fazemos um destaque a uma semana que é santa, como os católicos. As igrejas evangélicas enfatizam esse período como sendo o momento em que Jesus fez sua última ceia, sendo, logo depois, preso injustamente, morto e ressuscitado. Então, para nós, evangélicos, a Semana Santa serve para refletirmos sobre esse momento, e celebramos esse ato sacrificial de Jesus ao longo de todo o ano, dando ênfase àquilo que já praticamos e vivemos. E é uma oportunidade que temos também de alcançar pessoas que estão suscetíveis a receber uma mensagem bíblica sobre Jesus”, comenta.
Para os evangélicos, não há uma separação entre a Sexta-feira Santa, o Sábado de Aleluia e o Domingo de Páscoa (ou da Ressurreição), nem atividades específicas para esses dias. O pastor comenta que o culto é realizado normalmente, seguindo a liturgia do culto semanal. Entretanto, aproveita-se a oportunidade para realizar encenações e lembrar a data com mais afinco.
Na sexta-feira, as igrejas funcionam de forma comum. Há algumas exceções, nas quais algumas igrejas, para seguir o contexto, acabam fazendo uma programação diferente no sábado. Há também cantatas de Páscoa ou cultos em ação de graças, mas sempre enfatizando a pessoa de Jesus e seu ato sacrificial na cruz
O pastor Maurício de Sousa ressalta que, nas igrejas evangélicas, também não há essa separação do jejum específico da Semana Santa em relação ao que é realizado ao longo do ano. Segundo ele, se há algum propósito a ser alcançado, alguma graça a ser agradecida, ou o ato for feito simplesmente para adorar a Deus, a abstenção de alimentos pode ocorrer em qualquer período.
“O ensino doutrinário das igrejas evangélicas é que o jejum pode ser feito em qualquer período. Não há rituais a serem seguidos por conta da Semana Santa. Não seguimos uma dieta específica, então nossos alimentos são os mesmos e, quando jejuamos, é por ser uma prática do ano inteiro”, cita.
De modo geral, os cristãos evangélicos seguem os fundamentos das Escrituras, diferenciando-se das tradições da Igreja Católica Apostólica Romana. Assim, os evangélicos adotam os princípios livres da Bíblia, que dá o direcionamento a ser seguido.

“O que observamos na Bíblia é que a Páscoa foi, de certa forma, substituída pela ceia do Senhor. Jesus reúne seus discípulos no período da festa da Páscoa judaica, e é nessa celebração que Jesus institui a ‘ceia do Senhor’, chamada de comunhão, repartindo o pão e o vinho. Essa cerimônia, para nós, evangélicos, substitui a Páscoa judaica. Por isso, a Páscoa, para nós, não tem o mesmo sentido da Páscoa católica romana”, complementa o pastor Maurício de Sousa.
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