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Vermelhidão intensa nos olhos, mas nenhuma dor ou incômodo na visão: essa condição é chamada de derrame ocular e pode ser causada por crises de tosse ou mesmo simples espirros.
A pedagoga Moniquele Sousa se assustou ao ver o próprio reflexo no espelho, na semana passada, e perceber os olhos vermelhos. Da mesma forma, não teve nenhum outro sintoma.
“Tive esse problema em meio a uma crise de rinite. Busquei por orientação médica e me foi receitado o uso de colírio antiinflamatório, além de evitar coçar a região próxima aos olhos, tossir em excesso e carregar peso, bem como usar máscara para controlar os espirros frequentes”, conta ao O DIA.
Moniquele não foi a única: a influenciadora digital Tata Estaniecki também viveu a mesma situação e publicou registros do olho direito avermelhado em suas redes sociais. Para o tratamento, fez uso de colírios e compressas com água gelada.
Apesar da aparência desagradável, o derrame ocular é quase sempre inofensivo e é absorvido em um período de sete a dez dias, como explica o médico oftalmologista Mateus Vilar.
“O hiposfagma, nome correto da condição, causa um extravasamento de sangue na camada transparente do olho, cheia de vasos pequenos e delicados. Não corta, não arde e não atrapalha a visão; a pessoa costuma perceber apenas quando se vê no espelho ou outros a avisam”, aponta.
Lubrificação dos olhos
Embora pessoas com diabetes ou pressão alta sejam mais suscetíveis ao hiposfagma, Mateus ressalta que todos podem desenvolvê-lo.
“Não há um tratamento específico, mas colírios e compressas ajudam. O que melhora mesmo é o tempo, já que o próprio corpo absorve o sangramento. Quando acontece uma única vez, é espontâneo e sem grandes repercussões. Caso se torne uma rotina, o paciente deve buscar uma avaliação clínica”, alerta.
Nos primeiros dias, a atividade física é desestimulada, por geralmente envolver carregamento de peso e exposição ao sol. O hábito comum de coçar e esfregar os olhos também não é recomendado sob risco de traumatizar os vasos sanguíneos.
Devido à cor vermelha, o derrame ocular pode se assemelhar à conjuntivite, ainda que não represente a mesma gravidade. Para diferenciar um de outra, há características específicas.
“A vermelhidão da conjuntivite é mais difusa, não é tão vívida. É possível notar áreas brancas e sintomas como ardência, lacrimejamento, sensibilidade à luz, secreção”, elenca.
Saúde ocular é negligenciada
A saúde dos olhos não figura entre as prioridades de uma parcela considerável da população. Uma pesquisa realizada em 2019 pelo antigo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) revelou que 34% dos brasileiros jamais foram a um médico oftalmologista.
O mesmo levantamento indicou que 74% dos pacientes só procuraram atendimento após os primeiros problemas se manifestarem. Essa negligência pode custar caro, já que a visão é um dos sentidos principais do corpo humano.
“Precisamos criar a consciência de que utilizamos a visão para nos locomovermos, observamos o mundo e as pessoas ao nosso redor. Cuidar bem da saúde ocular, da física e da mental é ter uma melhor qualidade de vida”
Outro cuidado necessário diz respeito às doenças crônicas, a exemplo das já citadas diabetes e pressão alta, as quais inclusive podem levar ao surgimento do derrame ocular.
“Quem porta essas enfermidades deve estar atento, assim como aqueles que precisam utilizar algum tipo de óculos. Buscar uma visão de qualidade para promover uma vida saudável”, completa.