Você pode até não se dar conta, mas muito do que você come, fala ou faz no dia a dia tem raízes indígenas. Os saberes dos povos originários estão espalhados por cada canto do Brasil: nos nomes das cidades, nos alimentos do prato, nas palavras do dicionário e até na forma como descansamos.
De acordo com os dados do Censo 2022, do IBGE, o Brasil tem 1,69 milhão de pessoas que se declaram indígenas, pertencentes a 305 etnias e que falam 274 línguas diferentes. Essas populações estão presentes em todos os estados do país, e não apenas em terras demarcadas: mais da metade dos indígenas brasileiros vivem em áreas urbanas.

Neste sábado (19), é celebrado o Dia dos Povos Indígenas, uma data criada nos anos 40 para reconhecer a importância, a diversidade e a sabedoria dos povos originários do Brasil. Para marcar a ocasião, o Portal O Dia reuniu cinco costumes e hábitos indígenas que fazem parte da rotina de muitos brasileiros. Confira a seguir:
1. Palavras indígenas
Muita coisa que falamos no dia a dia vem das línguas indígenas, principalmente do tupi antigo. Estima-se que mais de 1.500 palavras da língua portuguesa falada no Brasil tenham origem indígena.
Alguns exemplos:
- Comidas: pipoca, tapioca, açaí, caju, mandioca;
- Animais: tatu, arara, jacaré, piranha;
- Nomes de lugares: Ipanema, Anhangabaú, Paraíba, Tocantins;
- Outros termos: carioca (casa do homem branco), sabiá, peteca.
A influência é tão forte que há até um “português com sotaque indígena” em muitos lugares do Brasil, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
2. Mandioca e outros alimentos
Muito antes da chegada dos portugueses, os povos indígenas já cultivavam e consumiam a mandioca, e até hoje ela é base da alimentação em várias regiões do país.
Da mandioca vêm:
- Tapioca
- Beiju
- Farinha
- Puba
- Tucupi
- Cauim (bebida fermentada tradicional)
Outros alimentos de origem indígena que fazem parte do nosso cardápio:
- Açaí
- Milho
- Pimenta
- Peixes assados na folha
- Chás e infusões com plantas da mata
Além de saborosa, a culinária indígena é sustentável e respeita os ciclos da natureza.

3. Saberes medicinais
Muito antes da medicina moderna, os povos indígenas já dominavam o uso das plantas para curar o corpo e a mente. Esses saberes vêm sendo transmitidos oralmente há séculos e seguem vivos nas comunidades e, hoje, cada vez mais são reconhecidos como ciência.
Alguns exemplos:
- Banhos de ervas para aliviar dores, cansaço ou espantar o "mau-olhado"
- Infusões e chás medicinais com ervas como boldo, capim-santo e hortelã
- Uso de argilas, folhas e raízes para tratamentos dermatológicos, respiratórios e digestivos
Segundo especialistas, cerca de 80% da população mundial ainda utiliza plantas medicinais como forma primária de cuidados com a saúde, e os saberes indígenas estão na base de boa parte desse conhecimento.

4. A rede
Se você já relaxou numa rede, saiba que está aproveitando uma invenção indígena! Originalmente feitas de cipó ou algodão, as redes eram (e ainda são) usadas para dormir, descansar e proteger-se de insetos no chão da floresta.
Com o tempo, a rede se espalhou pelo Brasil, especialmente no Norte e Nordeste, e virou símbolo de conforto, aconchego e até decoração.

5. Relação com a natureza
Enquanto o mundo industrializado ainda tenta entender o que é sustentabilidade, os povos indígenas vivem esse conceito há milênios. Para eles, a natureza não é um recurso a ser explorado, mas parte da própria existência. É por isso que o cuidado com a terra, com as águas, com os animais e com o tempo da natureza está no centro da cultura indígena. Em vez de extrair, os povos originários cultivam, respeitam, devolvem e compartilham.
Esse modo de viver é essencial para o equilíbrio ecológico. Segundo dados da ONU, as terras indígenas são as mais preservadas do país, mesmo com todas as ameaças e pressões externas.
A relação com a natureza é, também, intrínseca a todos nós. Ainda que, na correria das grandes cidades, ela pareça distante, nossa conexão com o que é natural carrega traços de saberes milenares. Muitos deles vêm justamente dos povos indígenas, que há séculos nos ensinam, mesmo que em silêncio, a viver com mais respeito, equilíbrio e presença.
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