Uma disputa entre duas famílias integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) foi o principal motivador de uma sequência de homicídios ocorridos nas cidades de São Raimundo Nonato e Avelino Lopes. Após um dos líderes da facção ser assassinado na cidade de Osasco (SP), cinco pessoas foram mortas em retaliação no Sul do Piauí.
De acordo com o delegado Eduardo Aquino, do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRACO), a região que engloba as cidades de Morro Cabeça do Tempo, Curimatá, Avelino Lopes e São Raimundo Nonato está envolvida em uma disputa de tráfico de drogas liderada por duas famílias do PCC, conhecidas como os “Brancos” e os “Marotos”. O estopim do conflito ocorreu quando o líder de uma das famílias, conhecido como Fleques Pereira Lacerda, foragido do sistema prisional piauiense, foi morto em um salão de beleza na cidade de Osasco.
“Esse é o pano de fundo para essa matança que está acontecendo em todas essas cidades. Uma das vítimas, que é o Erinelton Pereira de Sousa, vulgo Netinho, foi identificado dentro da facção como a pessoa que teria entregado o Fleques na cidade de Osasco. Todos eram amigos, trabalhavam juntos no tráfico de drogas e pertencem ao PCC. Quando a facção, pelo lado dos Brancos, identificou que o Netinho era o traidor e tinha entregado o Fleques, decidiram mata-lo”, explicou o delegado Eduardo Aquinho.
Erinelton Pereira de Sousa, vulgo Netinho, e Mauro César Aguiar dos Santos, foram atraídos para uma emboscada na cidade de São Raimundo Nonato, no dia 06 de fevereiro. As investigações apontam que integrantes da facção, liderados por Pedro Nonato Pereira de Cruz Júnior, conhecido como Pilty, convidaram Netinho para ir até São Raimundo Nonato sobre o pretexto de que uma pistola Glock seria vendida a ele.
“Netinho saiu da cidade Morro Cabeça do Tempo no dia 05 de fevereiro, para na cidade de Campo Alegre na Bahia, para participar de um festejo. Em seguida, segue para São Raimundo Nonato e lá encontram com Deilton dos Santos Dias, vulgo “Neném”, que os leva para uma emboscada. Eles [os Brancos] iriam matar esses indivíduos com faca e depois enterra-los ou abandonar os corpos em uma alguma vala, só que a coisa saiu do controle”, relata o delegado.
Veja a cronologia dos fatos abaixo:
Segundo o Draco, Netinho e Mauro são atraídos até a casa de Neném para negociar a arma, mas lá são surpreendidos por Pilty e outros dois comparsas: Everaldo Ferreira, conhecido como Caçador, e João Victor Borges de Oliveira, conhecido como Maguim. Ao perceber que seriam mortos, Mauro tenta fugir, mas é baleado. Contudo, a bala transfixa a vítima e acerta Neném, que era comparsa de Pilty.
“A coisa saiu do controle. Neném saiu correndo, pegou a moto e saiu do local. Houve uma gritaria, pedidos de socorro. O Mauro tem o pescoço degolado pelo Caçador. Eles terminam de executar o Mauro e o Netinho, e fogem. Depois do crime, o Neném foi procurar atendimento na UPA, os policiais tomaram conhecimento e o levaram para delegacia, onde ele contou a dinâmica do crime e foi autuado em flagrante”, afirma o delegado Eduardo Aquino.
Além de Neném, outras duas pessoas foram presas por envolvimento no crime: Everaldo Ferreira, o Caçador, um dos executores; e Melba Kaliane Ribeiro, namorada de Pilty e responsável por dar apoio logístico para o bando. Já Pilty e João Victor Borges de Oliveira, conhecido como Maguim, continuam foragidos.
Segundo o delegado-geral de Polícia Civil, Luccy Keiko, as três mortes ocorridas em Avelino Lopes no último final de semana seriam retaliação ao crime ocorrido em São Raimundo Nonato.
“Há uma possível conexão entre as mortes. Foi preso um indivíduo com uma pistola logo depois de um indivíduo aparecer sendo morto em uma estrada vicinal. Até o final de semana vamos estar com essas mortes esclarecidas. O secretário de Segurança determinou que nós enviássemos equipes para a região e foi determinado um reforço concentrado por pelo menos 30 dias, que poderá ser estendido se for necessário, como fizemos em piripiri”, finalizou.
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