O Hospital de Urgência de Teresina (HUT) confirmou, no início da tarde desta quarta-feira (28), o óbito de João Miguel Silva, de 7 anos, criança envenenada em Parnaíba, litoral do Piauí. O hospital concluiu o protocolo de morte encefálica e confirmou que não há atividade cerebral no paciente. A família da criança já foi informada sobre a morte.
Ainda de acordo com o HUT, o irmão Ulisses, de 8 anos, segue internado na UTI Pediátrica em estado grave. Os dois foram vítimas de envenenamento na última quinta-feira (22) e foram atendidos, inicialmente, pelo Hospital Nossa Senhora de Fátima, anexo do Hospital Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba. No domingo (25) foram transferidos para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT), em estado grave e respirando com ajuda de aparelhos.
Já a mulher acusada de envenenar as crianças, identificada como Lucélia Maria da Conceição Silva, teve a prisão preventiva decretada no último domingo (25). Durante a audiência de custódia, a mulher negou o crime, mas confirmou que a polícia encontrou frascos de veneno na sua residência. Segundo ela, o material seria usado para matar baratas e formigas.
"Isso [veneno] que tem na minha casa não é pra gente e nem gato não, era diferente, era pra matar rato e barata e outro matar formiga, não era pra matar gente e nem gato. Isso é acusação de pessoas que não gostam de mim", disse a suspeita. Mesmo diante da negação da suspeita, o juiz Marcos Mendes, de Direito da Vara Núcleo de Plantão de Parnaíba, determinou a prisão preventiva da mulher, por haver indícios suficientes da autoria do delito.
Saiba o que é o protocolo de morte encefálica
Os médicos abrem o protocolo de morte encefálica quando o paciente apresenta condições de irreversibilidade e ausência de resposta cerebral após uma avaliação clínica. Isso ocorre geralmente após a confirmação de que a causa da perda de função cerebral é definitiva e não há possibilidade de recuperação. Os testes são feitos para garantir que não há atividade cerebral antes de declarar a morte encefálica.
A abertura do protocolo para a morte encefálica envolve uma série de etapas rigorosas para assegurar que o diagnóstico é preciso e definitivo. O processo geralmente inclui:
- Critérios Clínicos: O paciente deve estar em coma profundo, com ausência de resposta a estímulos externos e sinais clínicos de morte cerebral. Além disso, a causa da condição deve ser conhecida e irreversível (como um trauma cerebral grave ou um AVC massivo).
- Exclusão de Outras Condições: Antes de abrir o protocolo, deve-se garantir que não há condições que possam simular morte encefálica, como hipotermia severa, intoxicações, ou distúrbios metabólicos. O paciente deve estar em condições normotérmicas e com equilíbrio metabólico adequado.
- Realização de Testes Clínicos: Os testes clínicos incluem a verificação da ausência de resposta a estímulos, a ausência de reflexos do tronco cerebral e a realização de testes específicos como o exame de resposta pupilar e o teste de respiração.
- Testes Complementares: Dependendo das diretrizes locais, pode ser necessário realizar exames complementares, como eletroencefalograma (EEG) para confirmar a ausência de atividade elétrica cerebral ou exames de imagem para avaliar a circulação cerebral.
- Documentação e Revisão: A equipe médica documenta todos os resultados dos testes e avalia se todos os critérios foram atendidos. Pode ser necessário que mais de um médico revise os resultados e confirme a morte encefálica.
- Comunicação com a Família: Após a confirmação da morte encefálica, os médicos comunicam a família sobre o diagnóstico e as implicações. Em muitos casos, a equipe discutirá também as opções de doação de órgãos, se apropriado.
O protocolo é seguido rigorosamente para garantir que o diagnóstico de morte encefálica seja preciso e ético.