O secretário de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI) Chico Lucas falou em entrevista a uma emissora de TV nesta quarta-feira (29) sobre o caso do envenenamento de uma família inteira ocorrido em Parnaíba, no litoral do Estado. O crime, que teve repercussão nacional, apresentou uma reviravolta durante as investigações. Após mais de cinco meses presa, Lucélia Maria da Conceição Silva, de 54 anos, teve que ser solta no último dia 13 de janeiro. Novas investigações apontaram Francisco de Assis, o padrasto, como principal suspeito de envenenar a família.
A prisão de Lucélia por mais de cinco meses foi um erro, admitiu Chico Lucas. Porém, o secretário afirmou que os investigadores foram "conduzidos ao erro".
“O Francisco era padrasto e ‘vôdrasto’ e duas crianças e você diz para a polícia que foi uma pessoa que deu um caso. A avó, o vôdrasto e a mãe. E esses depoimentos, não são relevantes? E você faz uma busca e apreensão na casa e tinha um veneno na casa dela. Esse induzimento (ao erro) foi provocado inclusive por um dos acusados. Eles colocam a Lucélia como suspeita. E depois de uma busca e apreensão é encontrado o veneno, complementou o secretário de Segurança Pública (SSP-PI). Chico Lucas ainda disse:
A falta de um laboratório exclusivo para investigações de casos de envenenamento também foi apontada pelo secretário como um dos fatores que contribuíram para a demora na soltura de Lucélia e a prisão de Francisco de Assis. “O Piauí não tinha laboratório de Toxicologia e todo envenenamento ficava sem uma prova técnica, a não ser quando a gente ia para outro estado. Inclusive, em 2023 houve o caso de uma menina de 5 anos que morreu envenenada em Floriano. Ficamos pedindo para o Maranhão e outros estados para fazer o exame. E então falei: vamos desenvolver um laboratório. Só que um laboratório precisa criar seus protocolos”, disse.
Relembre a reviravolta no caso, que colocou padrasto como principal suspeito do crime
Francisco de Assis se tornou o principal suspeito de envenenar a família. Segundo a polícia, ele teria posto terbufós (pesticida) no arroz que seus familiares comeram no almoço do dia 01 de janeiro. O veneno é o mesmo encontrado no corpo de João Miguel e Ulisses, que foram envenenados em agosto do ano passado após terem comido cajus dados por uma vizinha.
Francisco de Assis nega as acusações. Com ele, a polícia encontrou um baú onde ele costumava guardar seus pertences e até alimentos para consumo pessoal. No mesmo baú haviam revistas com conteúdo nazista que foram apreendidas. Francisco está preso temporariamente e a polícia tem 30 dias para concluir o inquérito.
Ao todo, cinco pessoas da mesma família morreram após almoço envenenado
Ao todo, cinco pessoas da mesma família morreram após ingerirem almoço envenenado. As vítimas tratam-se de Maria Gabriele, de 4 anos. Além dela, Igno Davi Silva, Lauane Fontenele, a mãe, Francisca Maria, e o tio, Manoel Leandro. Os outros dois irmãos de Maria Gabriela, João Miguel e Ulisses, morreram em agosto e novembro do ano passado, respectivamente, também por envenenamento.
Foram internados, mas sobreviveram ao envenenamento e receberam alta: Lívia Maria Leandra, Jhonatas Albert Pereira e Francisco de Assis Pereira. Todos são parentes. No último dia 24 de janeiro, Maria Jocilene, a vizinha que passou mal na casa da família envenenada em Parnaíba, faleceu após permanecer internada em estado gravíssimo no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), no litoral do estado. A mulher, de 41 anos, foi admitida na unidade na quarta-feira (22), após se sentir mal durante uma visita à residência da família, que havia sido envenenada no almoço de Ano Novo, no litoral do Piauí.
Ela estava na casa fazendo uma visita à matriarca da família, vítima do crime ocorrido no começo deste ano. Após sua internação, chegou-se a circular a informação de que ela teria tido sintomas parecidos com os de envenenamento, porém as causas do problema ainda estão sendo investigadas. De acordo com nota divulgada pelo hospital, a causa do falecimento será divulgada somente após a conclusão da investigação.
Após mais esta morte, a defesa de Francisco de Assis Pereira, preso no último dia 8 de janeiro sob suspeita de envenenar a família em Parnaíba, no litoral do Piauí, no dia 1º de janeiro, pediu a revogação de sua prisão temporária. Em entrevista exclusiva ao O Dia, o advogado Antônio de Pádua afirmou que não existem provas concretas que liguem seu cliente ao crime e que Francisco está preso injustamente.
“Nós solicitamos a revogação da prisão temporária há alguns dias. Estávamos apenas aguardando a conclusão dos exames periciais. Acreditamos na inocência de Francisco de Assis, que está preso injustamente, assim como Dona Lucélia”, declarou a defesa.