A Escola Municipal Milton Soldani, localizada no Bairro Cidade Nova, em Campo Maior, foi surpreendida com uma ordem de despejo na manhã desta quinta-feira (27). O mandado de remoção, que afeta diretamente mais de 500 alunos, além de funcionários e professores, foi emitido pela Justiça após uma ação movida pela Fundação Milton Soldani Afonso, ligada ao ex-vereador Edvaldo Lima e à vereadora Conceição Lima.
A decisão determinou que o prédio fosse desocupado dentro de 24 horas. Em entrevista ao O Dia, o diretor de comunicação da Prefeitura de Campo Maior, Jardânio Portela, informou que as atividades escolares foram suspensas e que o processo de desocupação do local já teve início. “As crianças, de uma hora para outra, foram despejadas, no meio do ano letivo. Não temos condição de, nos próximos dias, alocar todos esses alunos em outras escolas”, afirmou.
Portela explicou que a Escola Municipal Milton Soldani foi fundada em 2001 com apoio logístico e terreno fornecidos pelo município. Nos anos seguintes, houve uma transformação da gestão da escola para uma fundação, liderada por Edvaldo Lima, ex-presidente da Câmara Municipal.
“Anos depois da fundação da escola, foi feito uma manobra dentro da Câmara Municipal, que transformou a escola municipal em um tipo de fundação, onde Edvaldo Lima era o presidente. O prédio público passou a ser controlado por ele. Através de uma manobra, essa fundação conseguiu receber investimentos federais. O espaço foi reformado com dinheiro público”, afirmou.
O diretor de comunicação mencionou que a fundação passou a receber um valor mensal do município, semelhante a um aluguel, para manter a escola. “Com o passar dos anos, ele [o presidente] passou a ter uma autonomia muito grande sob a escola, inclusive acertando valores do município para a manutenção. Quando a nova gestão entrou, eles passaram a tentar fazer com que o município continuasse pagando o valor mensal, como era feito na gestão anterior”, disse.
Após uma disputa judicial, a fundação conseguiu que a escola fosse destinada novamente a eles, o que levou a emissão da ordem de despejo. Durante a manhã de hoje, o prefeito Joãozinho Félix e a secretária municipal de Educação, Maria José, estiveram presentes na escola para dialogar com pais e alunos.
Apesar da decisão judicial, a Fundação Milton Soldani Afonso informou, por meio de nota, que manterá os alunos vinculados à estrutura até o final de 2024. No entanto, a Prefeitura de Campo Maior alega que essa informação não foi oficialmente comunicada e que o processo de desocupação segue ocorrendo.
"A informação recebida pela prefeitura é a ordem judicial para desocupar completamente o prédio, o que implica na remoção de carteiras das salas de aula e de todo o material utilizado para o funcionamento da escola, deixando o espaço vazio. Até agora, não recebemos nenhuma orientação sobre como manter as operações em andamento até o fim do ano”, concluiu Jardânio Portela.
À reportagem do Portal O Dia, o presidente da Fundação Milton Soldani, Edvaldo Lima, teceu críticas ao prefeito Joãozinho Félix. “Desde que o João assumiu a prefeitura, ele resolver se usurpar da fundação, chegando ao ponto de nos proibir entrar no prédio. Nós recorremos ao Judiciário e somente agora tivemos sucesso. O prédio é nosso. Logo, cabe a ele negociar conosco e não polemizar como está fazendo”, escreveu.
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