A travesti Paloma da Silva, de 34 anos, morreu nesse domingo (10) no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). Ela foi encontrada por populares com marcas de espancamento na cabeça na última quarta-feira (6), tendo sido levada posteriormente para o estabelecimento de saúde. O corpo dela foi reconhecido pelos familiares no Instituto Médico Legal (IML).
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Ao O Dia, Marinalva Santana, do grupo Matizes, entidade de apoio a comunidade LGBTQIAPN+, acredita que Paloma foi vítima de transfobia. Esse é o terceiro crime registrado em apenas três meses na capital.
Em setembro, Samara Amaral foi executada a tiros no bairro Parque Alvorada, zona Norte da capital. Poucos dias depois, o cabeleireiro Rivaldo de Sousa Barreto, de 38 anos, morreu após ter sido espancado na Vila da Paz.
Segundo Santana, Paloma a procurou pedindo ajuda recentemente para atendimento odontológico, pois havia perdido parte da arcada dentária superior. A ativista relatou que o último encontro das duas foi no dia 30 de novembro, mas que desde então a vítima não a respondia mais.
“Ela estava feliz que tinha mudado o RG dela, foi lá me mostrar, pois a Defensoria estava acompanhando ela nesse processo. Tinha tirado também a certidão de nascimento. Eu ainda havia brincado com ela. Ela estava na luta para não voltar para as drogas. Depois disso ela visualizou e nunca mais respondeu”, relatou.
Paloma estava há cerca de três no Lar Fraternidade é o Caminho, casa que acolhe pessoas em situação de rua em Teresina. Desde então, ela estava buscando por trabalho de faxina e limpeza na capital.
“Ela fez de tudo para continuar viva. Apesar de tudo, as adversidades e dificuldades, ela nunca tirava o sorriso do rosto. Ela estava fazendo um esforço para sair das drogas. Toda semana ela ia no meu trabalho e fazia contato comigo e eu dava injeção de animo para ela: ‘Tu é danada! Continua firme’”, disse Marinalva Santana.
Familiares da vítima registraram Boletim de Ocorrência (BO) acerca do suposto assassinato. O caso será investigado pela Polícia Civil do Piauí. O sepultamento de Paloma do Amaral está marcado para esta terça-feira (12) no bairro Promorar, zona Sul de Teresina.
Entidades se manifestam
Por meio de nota, a Diretoria de Promoção da Cidadania LGBTQIA da Superintendência de Direitos Humanos (Sasc), se solidarizou com familiares e amigas de Paloma do Amaral, bem como externou grande pesar pelo terrível e brutal assassinato.
O Grupo Piauiense de Transexuais e Travestis (GPTRANS) manifestou profundo pesar pela morte da travesti Paloma Amaral. A entidade informou que estará vigilante quanto a apuração do caso, para que o crime seja investigado e os envolvidfos sejam punidos.
Paloma havia sido vítima de outros crimes
Em julho de 2021, a travesti foi amarrada, espancada e mantida presa dentro do porta malas de um carro no Parque Brasil III, na zona Norte de Teresina. O crime foi gravado por populares. Agentes da Guarda Civil Municipal foram chamados para atender a ocorrência.
À época, o crime ganhou repercussão após denúncias de que os agentes da GCM foram flagrados “assistindo” a ocorrência.