Abandono, violência, insegurança e prejuízo são realidades diárias para os empresários do Centro de Teresina. A decadência da região, que se arrasta há anos, tem se intensificado nos últimos meses. Lojas fechadas e imóveis abandonados afastam comerciantes e consumidores, enquanto cresce a migração de moradores para outras zonas da cidade. À noite, o local se transforma em um deserto urbano e se torna um alvo fácil para criminosos.
José Wilson Fontielente, comerciante da região há 29 anos, já registrou 28 roubos em sua papelaria, localizada próxima à Praça João Luiz Ferreira. Em um dos episódios mais recentes, ocorrido na noite desta quarta-feira (24), o empresário relatou que o criminoso estava equipado com ferramentas específicas para furtar o ar-condicionado da loja. Esse aparelho é frequentemente alvo de roubos devido ao cobre em sua composição, um metal muito valorizado por sucateiros, que pagam até R$ 50,00 por quilo.
“Das últimas vezes ele não conseguiu levar o ar-condicionado por não ter ferramenta. Dessa vez, ele veio equipado com alicante, chaves e até ferro de solda”, conta o empresário. O suspeito do crime, no entanto, não foi muito longe. Ele foi capturado próximo ao local e encaminhado à Central de Flagrantes. Na manhã seguinte, equipes da Perícia Criminal da Polícia Civil estiveram no local a fim de colher mais informações sobre o caso.
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O problema dos arrombamentos no Centro de Teresina está ligado à presença de moradores de rua, muitos dos quais são usuários de drogas. Segundo a polícia, esses indivíduos perambulam pela região durante a noite, praticando furtos para sustentar o vício. Raimundo Nonato, chefe de investigação do 1º Departamento de Polícia, afirmou que é comum encontrar os mesmos suspeitos envolvidos em múltiplos casos de arrombamento.
“Já fui assaltado a mão armada e tive uma arma apontada para minha cabeça. Hoje, quando o cara chega para me assaltar, eu pergunto: ‘de novo?’”, diz José Wilson.
Assim como José, outros empresários também estão enfrentando grandes prejuízos devido aos frequentes furtos na região. De acordo com um levantamento realizado pela Associação S.O.S Centro, que inclui empreendedores, trabalhadores e moradores da área, os prejuízos acumulados em apenas 15 dias somam cerca de R$ 130 mil. A média de arrombamentos na região chega a 12 por semana.
A associação foi criada há um mês e tem como objetivo buscar medidas para melhorar a segurança na região. A vice-presidente da associação, Dra. Lúcia Santos, destacou a gravidade da situação, enfatizando que "cada morador e dono de estabelecimento tem o registro dos arrombamentos". A associação exige mais segurança e quer assegurar o direito dos comerciantes e moradores de trabalharem e viverem em paz na região central de Teresina.
“Essa situação está instável e essa associação não vai ‘arredar o pé’ enquanto não conseguirmos o que é de nosso direito”, disse.
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