Dia dos Pais
O esporte vai além de praticar alguma modalidade e aplicar habilidades técnicas, ele também ensina sobre ter dedicação, esforço e disciplina necessários para alcançar o sucesso. E é vendo os pais colocando em prática esses valores, que muitos filhos acabam se espelhando e seguindo os mesmos passos no esporte. Um estilo de vida que atravessa gerações, fortalecendo o vínculo familiar e incentivando para o desenvolvimento de novos talentos. Pais esportistas inspiram seus filhos a se tornarem futuros atletas que também amam o esporte, enaltecendo a figura e o legado daqueles que deram as primeiras orientações e incentivo incondicional. Ser pai é dar e ser exemplo, é cobrar e vibrar junto, é deixar que corra com as próprias pernas, mas também corre ao lado.
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Alta velocidade, manobras radicais, saltos e giros. Corrimãos, rampas, bancos e muretas se tornam obstáculos para os skatistas, que executam tudo isso e mais um pouco em cima de quatro pequenas rodas. Dominar um skate, para muitos, pode parecer difícil, mas, sob os pés de Thyago Costa (40), a prancha torna-se quase uma extensão de seu corpo. É como se ele voasse no ar e, por segundos, o mundo parasse. O primeiro e único skatista profissional do Piauí, Thyago construiu um legado na modalidade no Estado, lapidou, inspirou e continua inspirando muitos jovens a seguir por esse esporte. E dois deles têm um lugar especial: os filhos, Carlos Costa, o Caca, de 9 anos, e Manuel Costa, o Manu, de 14 anos.
Thyago Costa começou no esporte aos 15 anos, quase a mesma idade atual do seu filho mais velho, Manu. Em meados de 1996, o atleta conheceu a Praça Ocílio Lago, no bairro Jóquei, zona Leste de Teresina, onde, hoje, fica a Praça dos Skatistas. À época, o complexo não tinha a estrutura de agora, mas já se percebia o espaço sendo ocupado por praticantes de diversas modalidades esportivas, inclusive do skate. Foi somente em 2007 que a pista de skate, de fato, passou a fazer parte do cenário.
E é nessa praça que Thyago, Manu e Caca andam de skate e treinam juntos, quase que diariamente. Mais do que se aventurarem nas rampas e se arriscarem fazendo manobras, pai e filhos fortalecem laços. Talvez tenha sido esse vínculo tão próximo com o skate que fez os meninos se apaixonarem pelo esporte do pai.
Por acompanhar Thyago desde pequeno, Manu desenvolveu grande afinidade com o skate. O adolescente é bastante desenvolto no esporte e não descarta seguir os passos do pai e se tornar um skatista profissional. Uma escolha ainda incerta, mas bem aceita pela família, que dá total apoio e incentivo para o futuro atleta. O pai reforça que os garotos têm total autonomia para decidirem se querem ou não seguir seus passos.
“Se o Manu quiser seguir esse caminho como profissional de skate, ele terá esse acompanhamento e uma direção mais precisa, como eu não tive. Ele tem interesse e nível de skate, porque começou a andar muito cedo. Pelo avanço técnico dele, quando chegar aos 15 anos, a idade que comecei, estará com uma boa aptidão, comparado a alguém que está começando agora nessa idade. Mas depende muito dele colocar nessa balança, se evolui ou deixa evoluir naturalmente”, acrescenta o Thyago.
O pequeno Caca também gosta de andar de skate como o irmão mais velho e o pai, mas não abre mão das tradicionais brincadeiras de “uma criança normal”. “O Caca é mais ‘normal’, brinca com brinquedos, de carrinho, vem para a praça mas vai brincar com os amigos ao invés de andar de skate. É normal, não tem essa pressão para eles andarem de skate, inclusive eu até falo para eles brincarem de outras coisas, empinar pipa, andar de bicicleta e se não quiserem andar de skate, tudo bem, não são obrigados”, destaca.
Ainda assim, Caca ousa na pista e arrisca algumas manobras. Para ele, andar de skate ao lado do pai é muito gratificante, principalmente pelo exemplo que Thyago é para ele e o irmão.
Três em uma história
Manu é só admiração pelo legado que seu pai construiu ao longo da vida. O exemplo que ele tem em casa serve como fonte de inspiração para que o jovem atleta aperfeiçoe as técnicas a cada dia. Ter crescido andando de skate faz Manu se cobrar por melhores rendimentos, especialmente para orgulhar e enaltecer a história do pai.
“Tenho que levar isso para a vida como um ensinamento do meu pai, tanto porque eu gosto como porque quero honrar sua trajetória. Me motivo [a andar de skate] porque me inspiro bastante nele, desde pequeno. Vejo ele fazendo as manobras, pergunto como que aprendo e pego a técnica. Ele vai me ensinando até eu acertar. Ele é meu pai e meu técnico e isso é ótimo, porque tem a cobrança do técnico, mas tem também o amor do pai”, diz Manu.
Para Thyago Costa, o maior legado que ele pode deixar aos filhos é o exemplo de dedicação ao skate e como ele ajudou a construir e desenvolver o esporte no Piauí. “Agora, pode até parecer que o skate tenha mais importância que outros esportes porque o pai deles faz manobras difíceis, é profissional, mas, no futuro, como legado, que é o que vai ficar para sempre, eles vão ver que o pai deles ajudou a construir um esporte no Estado, ajudou muita gente e que passaram por mim vários skatistas que ajudei a construir. Pode ser que no futuro eles consigam enxergar esse feito de construção de pessoas que tiveram ao nosso redor”, conclui.
Um dos pioneiros a implantar a modalidade no Piauí, Thyago Costa ajudou na fundação da Associação Teresinense de Skate (ATS), em 2001, que surgiu com o intuito de fortalecer o movimento devido à carência de organização, representatividade e de espaços voltados para os skatistas. Foi nessa época que ele conheceu sua esposa Carla, um dos principais nomes no fortalecimento do skate como associação e federação.
Enquanto Thyago conquistava títulos como atleta e escrevia seu nome na história do skate piauiense, o movimento foi crescendo e ganhou notoriedade, passando a ser reconhecido como esporte no Estado. Em 2013, surge o projeto do primeiro skatista profissional do Piauí. Já a primeira e única Federação Piauiense de Skate (Fepisk) é fundada em 2018 e, nesse intervalo, o atleta também ajudou na fundação de associações em outros municípios, como em Piripiri, Parnaíba e Oeiras.
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