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Documentário "Vozes do Troca-Troca" conta a história de importante patrimônio dos teresinenses

Referência de Teresina, o Troca- -Troca continua em pleno funcionamento. Localizado na Avenida Maranhão, às margens do Rio Parnaíba, Centro de Teresina, o local é ponto de encontro para troca e venda de objetos. Com nova estrutura, em reforma da década de 1980, o espaço tornou-se mais do que um ponto de referência na cidade, virou um museu a céu aberto, reunindo não somente produtos à venda, mas personagens que narram vivências de muitas décadas.

Assis Fernandes/O DIA
Documentário ‘Vozes do Troca-Troca” conta a história de importante patrimônio dos teresinenses

Essas histórias romperam os limites do Troca-Troca e chegaram às telas. O que era vivido, ali, apenas por aqueles que transitavam entre uma banca e outra, agora pode ser apreciada por todos através do documentário ‘Vozes do Troca-Troca’, financiado pela Lei Paulo Gustavo. Um trabalho que demandou estudo e muitas horas de entrevistas. Stefano Ferreira, responsável pela pesquisa do documentário, conta que a proposta de produzir o material audiovisual surgiu com a necessidade de preservar o patrimônio e a história de Teresina.

A ideia é evidenciar lugares em que o patrimônio é as próprias pessoas e suas histórias de vida. O Troca-Troca é um ponto de confluência de vidas e dali muitas famílias tiram seu sustento. Além disso, é um espaço de trocas que deve ser visibilizado como patrimônio da cidade

Stefano Ferreiraresponsável pela pesquisa do documentário

Segundo Stefano Ferreira, processo criativo foi intenso, com muitas idas ao Troca-Troca, entrevistas com permissionários, historiador e outros personagens que trouxeram detalhes desse importante patrimônio teresinense.

“Precisamos estar bem próximo aos comerciantes, conhecê-los, saber da história deles e sobre o que àquele espaço representa para todos que estão ali. O que mais chama a atenção é, justamente, a sensação de pertencimento que eles têm para com o espaço. É dali que eles tiram o sustento das vidas e está boa parte da vida de todos. São comerciantes que trabalham honestamente e fazem parte da identidade da cidade”, disse Stefano Ferreira.

O pesquisador enfatizou que a proposta é mostrar para a população um Troca-Troca ainda não visto, com riquezas de detalhes, narrativas únicas e personagens que contam suas vivências e resgatam memórias.

Divulgação
O arquiteto Júlio Medeiros foi um dos entrevistados e é um dos autores do projeto de cobertura do Troca-Troca

“O Troca-Troca está (ou estava) nos cartões portais e no imaginário coletivo da cidade. Existem histórias ali, e são muitas! Muitos deles têm a sensação de serem marginalizados, literalmente, mesmo estando à margem do Rio Parnaíba. Há esse tabu que também precisa ser desconstruído. O espaço é de todos os teresinenses, e os comerciantes que resistem são a salvaguarda. Contar histórias de lugares como o Troca-Troca em um material audiovisual é importante por que registra e comunica sua história e suas peculiaridades para diferentes públicos”, acrescenta Stefano Ferreira.

O documentário está disponível no YouTube e, em breve, a produção também percorrerá mostras locais. Um dos destaques do documentário é a trilha sonora, toda composta por músicas de artistas piauienses.

O impresso como fonte de pesquisa e memória

Durante as pesquisas para coleta de material, Stefano Ferreira utilizou uma reportagem feita pelo Jornal O Dia, intitulada “Troca-Troca: um ícone da cultura e do comércio de Teresina”, que conta um pouco da história desse espaço. Jornais, portais e revistas são importantes fontes de pesquisa e tem um papel significativo para a preservação da memória.

O professor e historiador Ricardo Arraes destacou que o Jornal O Dia é muito utilizado em trabalhados acadêmicos, seja na Graduação, no Mestrado, no Doutorado e no Pós-doutorado. Segundo ele, a história é vista como um objeto e os jornais também podem ser estudados e, para ele, o jornal é uma enciclopédia do cotidiano, com registros fragmentários do presente.

Os jornalistas são historiadores do presente, enquanto os historiadores são os jornalistas do passado. Pode-se conta história do Piauí por meio da imprensa, e pode-se ver a imprensa do Piauí como um objeto de estudo. Hoje, o Jornal O Dia é o único meio que permite o acesso à sua materialidade, já que os outros impressos deixaram de circular. E precisou se adaptar com o tempo, tendo além do meio físico, passando por mudanças na formatação, e agora está no virtual. Apesar de tudo, o O Dia ainda mantém sua função social como impresso, tanto para a história, quanto para a economia, para a política, para a sociedade do Piauí e de Teresina

Ricardo Arraes professor e historiador

O professor destaca que o Jornal O Dia conta, ao longo de 73 anos, a história do trabalho, da cidade de Teresina, dos movimentos sociais, da cultura, das transformações urbanísticas da cidade, da publicidade, da política, da economia de Teresina e do Piauí. Arraes explica que jornal tem uma linguística, vocabulário político e social próprios, permitindo ao pesquisador analisar como determinado impresso retratava a realidade social, política e econômica, por meio de determinadas palavras e expressões usadas na época.

“Até a década de 1970, os periódicos não tinham uma grande função como fonte de pesquisa para os historiadores. Os historiadores tinham ranço pelos jornais e revistas, pois eles se vestiam com uma carapuça de objetividade, buscando fontes neutras e isso criava um distanciamento dos historiadores, que evitavam usar a imprensa como fonte. A partir dessa nova preocupação com o tratamento da história, a imprensa passou a ser uma das principais fontes de informação histórica. Hoje, utilizamos muito a imprensa e os jornais como uma das nossas principais fontes de informação e estudo da história”, concluiu o professor e historiador Ricardo Arraes.


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