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"Recebo com muita responsabilidade o peso de ser pioneira", diz juíza Keylla Ranyere, 1ª mulher a presidir a AMAPI em 65 anos

A juíza Keylla Ranyere Lopes Teixeira Procópio se tornou, a primeira mulher a ocupar a posição de presidente da Associação dos Magistrados Piauienses (AMAPI), que já existe há 65 anos. A juíza tomou posse no auditório do novo prédio do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI), em evento que reuniu autoridades, amigos e familiares na última sexta-feira (10)

Jailson Soares/O Dia
Juíza Keylla Ranyere, em entrevista ao Sistema O Dia.

A nova presidente é juíza do TJ-PI desde maio de 2002, especialista em Direito Eleitoral pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Gestão Judiciária pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e em Direito Processual Civil pelo Instituto Camilo Filho. Já atuou como titular nas comarcas de São Miguel do Tapuio, Nazaré do Piauí, Bertolínea, Elizeu Martins e Valença do Piauí.

Em entrevista ao Sistema O Dia, a juíza Keylla Ranyere iniciou falando sobre ser a primeira mulher a presidir a AMAPI em 65 anos de associação, destacando a responsabilidade de ser pioneira e as cobranças que vêm com esse papel.

“A primeira mulher vai se cobrar, vai se olhar mais, então eu recebo com muita responsabilidade, sei o peso de ser a pioneira, o peso de ser a pioneira ele existe também e a gente sente, que pode ser que seja até exigido mais do que os homens anteriormente que passaram. Mas o meu nome foi aclamado pela diretoria, eu me sinto acolhida dentro da minha instituição, junto com os meus pares e foi algo mesmo que amadureceu com o tempo, eu sou magistrada do Tribunal de Justiça desde 2002 e, então eu tenho quase 23 anos de carreira, metade da minha vida, foi dentro do tribunal, então eu já me encontro amadurecida em relação a isso, enquanto integrante desta corte.”

Jailson Soares/O Dia
Juíza Keylla Ranyere, em entrevista ao Jornal O Dia.

Keylla ressaltou que é conhecedora das necessidades e anseios dos associados e associadas, recebendo a missão de presidir a AMAPI como um reconhecimento dos colegas magistrados. Ela também destacou a importância de dar seguimento ao trabalho do ex-presidente, o juiz Maurício Machado, que agora será juiz auxiliar da presidência do Tribunal de Justiça do Piauí.

Na semana de sua posse, também foi empossada a nova diretoria do TJ-PI, composta por apenas uma mulher. Keylla comentou a dificuldade de acesso das mulheres a cargos no Judiciário, mencionando que atualmente, no segundo grau, existem apenas duas desembargadoras.

“Essa é uma realidade que a história vem tentando mudar com o tempo, o CNJ editou recentemente resoluções que estimulam essa participação, inclusive nós temos uma desembargadora, dra. Lucicleide, a última que tomou posse. Ela entrou dentro dessa política com um edital exclusivo para mulher, para fomentar essa participação.”

Para a presidente da AMAPI, é importante que a sociedade se enxergue dentro de todos os poderes – Judiciário, Executivo e Legislativo. Ela apontou que ações, como as cotas, têm ajudado a construir mais equidade, mas a composição atual ainda reflete a realidade.

Sobre a sua gestão, a juíza destacou a continuidade das ações de valorização da magistratura, melhorias na estrutura de trabalho e segurança institucional nos fóruns, além de abordar a saúde institucional diante das demandas crescentes.

“Então existe uma grande velocidade de informação, da inteligência artificial que também estimula a judicialização do processo. Então hoje nós estamos nesse grande desafio de poder dar essa resposta, fazer essa entrega ao jurisdicionado e à jurisdicionada, que é a decisão judicial, que é a efetividade da justiça. Então esse é o nosso grande desafio.”

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Juíza Keylla Ranyere, presidente da AMAPI.

Keylla também mencionou o uso da inteligência artificial (IA) como uma realidade inevitável no Judiciário, destacando que já há robôs que distribuem processos e que é necessário se preparar para essa transformação.

Ao ser questionada sobre a percepção da sociedade de que “a polícia prende e a justiça solta” e o distanciamento da sociedade com o poder judiciário, a presidente enfatizou a importância de estreitar os laços com a população para que haja uma maior compreensão sobre o funcionamento do Judiciário.

“É necessário estreitar esses laços, trazer mais a população para entender esse serviço, como funciona, como é a vida do juiz, como a decisão judicial é proferida, porquê como o juiz é aquele que tem essa missão, que tem a caneta na mão, a responsabilidade recai sobre toda a sua vivência ou a agência que está ali proferindo a decisão, mas existe um pedido do advogado, da advogada, do membro do Ministério Público. O juiz não pode prender alguém que não existia um pedido, mas a decisão total é do juiz. Existe todo um sistema e essa ausência de informação diante dessa complexidade.”

A presidente também apontou a necessidade de simplificar a linguagem jurídica para facilitar o acesso à justiça, fomentando o diálogo e diminuindo os ruídos entre a sociedade e o Judiciário.

Finalizando, Keylla destacou que a AMAPI pode auxiliar nessa comunicação, trazendo o diálogo entre as instituições que compõem o sistema de justiça e facilitando respostas à sociedade. Ela reforçou que, ao otimizar a comunicação, é possível melhorar a visão da população sobre o Judiciário.


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