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Ilha de Marajó: música denuncia abuso de crianças

A música gospel “O evangelho de fariseus” que tem repercutido nos últimos dias nas redes sociais têm chamado atenção de internautas. Para além da agenda tradicional de músicas cristãs, a cantora Aymeê Rocha retrata em sua canção um grave problema: a exploração sexual de crianças na Ilha de Marajó, no Pará.

A música que ficou conhecida nacionalmente após a apresentação da cantora no reality show Dom Reality menciona críticas à comunidade cristã do Brasil com alegações de hipocrisia por parte de líderes religiosos que, segundo a artista, se distanciam dos ensinamentos de Jesus Cristo, se direcionando ao individualismo e priorizando interesses pessoais. Seguindo uma análise negativa desse cenário religioso, a canção reivindica da igreja brasileira mais atuação na justiça social e faz referência às crianças que são abusadas sexualmente na Ilha de Marajó.

Reprodução/YouTube
Ilha de Marajó: música denuncia abuso de crianças

Confira a letra na íntegra:

Fazemos campanhas pra nós mesmos

Eventos pra nós mesmos

Estocamos o Maná para nós

Oramos por nós e pelos nossos

O reino virou negócio

O dízimos importa mais do que os corações

Enquanto Ele tá querendo quem nós nem pensamos ou nos preocupamos

Oramos errados há séculos

Dias, horas e anos

Nós afastamos

Ah, um evangelho de Fariseus

Cada um escolhe os seus

E se inflamam na bolha do sistema

Ah, enquanto isso no Marajó

O João desapareceu

Esperando os ceifeiros da grande Seara

A Amazônia queima

Uma criança morre

Os animais se vão

Superaquecidos pelo ego dos irmãos

Um Evangelho de Fariseus

Estamos apodrecendo o corpo de Cristo

O sangue não tá circulando

O sangue está coagulando

Estamos no ápice da nova Era

E a falsa noiva se rebela

Contra o noivo que espera ver um caráter cristão

Um evangelho de Fariseus

Um evangelho de Fariseus

Um evangelho de Fariseus

Entenda a acusação de exploração sexual

Apesar de recentemente ter ressurgido à tona, as denúncias de pedofilia e exploração sexual infantil na Ilha do Marajó não são um fenômeno novo. Em 2006, uma investigação da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados havia sido iniciada sobre o assunto. Documentos da época revelaram o envolvimento de políticos locais nos casos, com intermediários levando meninas para serem exploradas na prostituição em Belém e, posteriormente, na Guiana Francesa.

Em 8 de outubro de 2022, a então ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, mencionou o tema durante um culto evangélico. Contudo, sem apresentar evidências concretas, ela afirmou que crianças na região teriam dentes removidos para facilitar abusos sexuais.

Autoridades do Pará, incluindo o Ministério Público, demandaram provas dessas alegações, mas estas não foram fornecidas. Posteriormente, 19 procuradores da República solicitaram uma ação civil pública contra Damares.

No presente momento, a Ilha do Marajó está sendo assistida pelo Programa Cidadania Marajó, uma iniciativa promovida pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. O objetivo principal deste programa é enfrentar e prevenir a exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes na região.

A música divide opiniões da igreja

Nos últimos dias, muitos cristãos utilizam das redes sociais para debaterem acerca da música. Enquanto muitos fiéis aplaudem a coragem da cantora para falar sobre um assunto tão delicado e confrontar a igreja, outros acreditam que expor a igreja protestante do Brasil dessa forma é equivocado. Morisjance de Sousa, pastor protestante da igreja Batista explica que o argumento utilizado na música não abrange a todos os cristãos.

Olha, é importante pensar sempre nas intenções e dizeres de todo discurso. Superficialmente a música aparenta ser um louvor a Deus, voltado a denúncia de más condutas cristãs que desencadeiam em prejuízos desastrosos na sociedade. Bem, o problema disso é a construção de um argumento generalista que 'põe todos os cristãos em mesmo saco', problemas como garimpo ilegal, queimadas e abuso infantil parecem acontecer porque a Igreja de Cristo está corrompida, entretanto, quem conhece o básico de Cristandade vai entender que a Igreja de Cristo é incorruptível, enquanto algumas igrejas enquanto comunidade podem pecar

Morisjance de Sousa Pastor