Em meio a uma nova epidemia de Dengue em vários estados do Brasil, um projeto de extensão da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) visa auxiliar no combate e prevenção à proliferação do Aedes Aegypti, vetor de transmissão do vírus da dengue para os humanos.
O Projeto Dengoso investiga como peixes da família Poecilidae podem ser usados em programas de controle biológico de insetos transmissores da dengue, zika e chikungunya, entre outras. O peixe é conhecido como “barrigudinho” e substitui, em alguns casos, o uso de inseticidas.
Os peixes dessa família são muito frequentes em todas as bacias dos rios da América Latina, incluindo a do rio Parnaíba. Ocupam águas salobra e doce, exigem pouco oxigênio dissolvido na água, são larvófagos, ou seja, se alimentam de pequenas larvas e se reproduzem rapidamente e originam uma grande quantidade de descendentes.
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Segundo a coordenadora do Projeto, Alessandra Ribeiro, o uso dos peixes para eliminar as larvas do mosquito é uma medida ecologicamente positiva para o meio ambiente. “Primeiro, fazemos uma identificação dos locais, tais como, piscinas abandonadas, terrenos alagados e cacimbões, nos quais o larvicida não é muito eficaz. Posteriormente, introduzimos os peixes larvófagos, que são muito eficientes para o controle biológico de mosquitos”, destaca.
A professora ressalta ainda que o uso de peixes tem se mostrado eficiente no controle dos mosquitos, principalmente nas fases de vida aquática do inseto. “Essa espécie é ideal para o controle de larvas por várias razões, tais como: são peixes pequenos, capazes de alcançar a lâmina de água com facilidade, e sua boca voltada para cima torna a ingestão das larvas mais fácil. Além disso, são conhecidos por serem vorazes na alimentação, o que os torna altamente eficazes no consumo de larvas. Essas características tornam os barrigudinhos uma escolha vantajosa para o controle biológico de mosquitos”, pontua a professora.
O projeto Dengoso é formado pela comunidade do curso em Licenciatura Plena em Biologia, do Campus Alexandre Alves de Oliveira, em Parnaíba.
Casos de Dengue no Piauí
O Piauí já registra 1.784 casos de notificações de dengue e um óbito em investigação, segundo o painel epidemiológico da Secretaria de Saúde do estado (Sesapi). Teresina é o município do estado com o maior número de incidência com, segundo o último boletim epidemiológico de arboviroses da FMS, 673 casos de dengue notificados, sendo 472 confirmações.
Aedes aegypti é o nome da principal espécie que transmite os vírus da dengue, o vírus causador da febre chikungunya e o Zika vírus. Essa espécie tem como característica a presença de marcações brancas nas pernas e no dorso (em formato de uma lira).
É um mosquito doméstico, que vive dentro ou ao redor de domicílios ou de outros locais frequentados por pessoas, como estabelecimentos comerciais, escolas ou igrejas, por exemplo. A fêmea tem hábitos preferencialmente diurnos e alimenta-se de sangue humano para fazer a maturação dos seus ovos.