O envelhecimento humano traz consigo preocupações intrínsecas com a saúde. À medida que a população atinge idades mais avançadas, uma das realidades com as quais nos deparamos são as doenças associadas à memória e à demência, como o Alzheimer.
Atualmente, existem pelo menos 1,7 milhões de pessoas diagnosticadas com essa enfermidade no Brasil. O número, no entanto, tende a crescer ainda mais. Estimativas da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) apontam que, até 2050, é esperado que 5,5 milhões de brasileiros tenham a doença.
Para entender melhor sobre o assunto, entrevistamos o especialista em Alzheimer, Dr. Ricardo Quirino. De acordo com ele, o Alzheimer é uma forma de demência que se manifesta quando as queixas cognitivas, como o esquecimento e confusões no dia a dia, interferem na rotina do indivíduo.
"Envelhecer é sinônimo de quem se cuidou muito bem. E a população está envelhecendo. Nós estamos chegando cada vez mais aos 90, aos 100 anos. E para isso tem um preço, que são as doenças relacionadas ao envelhecimento”, aponta o médico.
A avaliação e diagnóstico da demência envolvem uma abordagem clínica complexa, incluindo análise de exames diversos. Recentemente, o avanço da medicina trouxe uma notícia promissora para a detecção precoce do Alzheimer. O teste PrecivityAD2, de origem americana, está disponível em solo brasileiro desde o final do mês passado.
O exame, realizado a partir de uma amostra de sangue simples, identifica se uma pessoa está ou não com a enfermidade. O valor custa, em média, R$ 3.600
A falta de diagnósticos é um problema crítico. Segundo o 1º Relatório Nacional de Demências, a ser publicado até o fim de 2023, a quantidade de pessoas não diagnosticadas com a Doença de Alzheimer pode variar entre 75% e 95% em diferentes regiões brasileiras. O dado acende um alerta em relação ao combate à doença, tendo em vista que diagnosticar a enfermidade ainda no estágio inicial é importante para o seu tratamento.
Prevenção e tratamento: o melhor remédio é gratuito
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que impacta principalmente pessoas acima de 65 anos, afetando a memória, linguagem e percepção do mundo. Também provoca alterações comportamentais e de personalidade. Embora não tenha cura, existem opções de tratamento que podem ajudar a manter a qualidade de vida.
O Dr. Quirino destaca que a atividade física é fundamental: "O melhor remédio que é de graça, não tem efeitos colaterais, quanto mais utilizar, melhor, é a atividade física". Ele enfatiza a importância da musculação e atividade aeróbica no combate ao Alzheimer e na postergação dos sintomas.
Outro pilar importante é o treino cognitivo. Inovar nas atividades mentais, aprender idiomas, se desafiar e socializar são estratégias eficazes. Para aqueles já com diagnóstico de demência, o tratamento pode envolver medicamentos, reabilitação cognitiva e terapia ocupacional.
“O treino cognitivo ou estimulação cognitiva é um trabalho voltado para atividades mentais. Pode ser realizado com terapeuta de acordo com o grau de perda de memória do paciente. Através desses exercícios, trabalhamos a mente. No dia a dia, os pacientes podem ler livros, aprender idiomas e buscar se desafiar”, diz o médico.
Sintomas que precisam de atenção
Os primeiros sintomas do Alzheimer podem ser sutis, muitas vezes confundidos com o envelhecimento normal ou estresse cotidiano. No entanto, é fundamental reconhecer os sinais iniciais para buscar ajuda médica e um diagnóstico preciso.
1. Perda de memória: A perda de memória é um dos sintomas mais conhecidos do Alzheimer. Inicialmente, as pessoas podem esquecer informações recentes e, com o tempo, esquecem eventos importantes ou datas.
2. Dificuldade de raciocínio e pensamento abstrato: O Alzheimer pode dificultar a tomada de decisões simples e a resolução de problemas do cotidiano, bem como o entendimento de conceitos abstratos.
3. Alterações de personalidade e humor: As pessoas com Alzheimer podem experienciar mudanças em sua personalidade, tornando-se mais ansiosas, deprimidas, confusas ou agitadas.
4. Dificuldade na comunicação: A capacidade de expressar pensamentos e seguir ou iniciar uma conversa pode ser prejudicada à medida que a doença progride.
5. Desorientação espacial e temporal: Perder-se em lugares familiares ou esquecer datas, estações ou o dia da semana são sinais de desorientação que podem estar associados ao Alzheimer.
6. Dificuldade nas tarefas diárias: Realizar atividades cotidianas, como cuidar da higiene pessoal, cozinhar ou administrar finanças, pode se tornar um desafio.
Conforme a doença avança, os sintomas se agravam e podem incluir:
- Problemas de linguagem: Dificuldade em compreender palavras, expressar pensamentos ou seguir uma conversa.
- Desafios motores: Dificuldade em caminhar, engolir ou manter o equilíbrio.
- Comportamento e humor agressivo: Agressividade, agitação, delírios ou alucinações podem ocorrer em alguns casos.
- Dependência total: Nos estágios finais, os pacientes necessitam de cuidados integrais para as atividades diárias.