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Há três meses, a corrida entrou na vida de Ana Gardênia de Sousa, de 35 anos. “Sou uma obesa em tratamento. Faz três anos que tive que passar por alguns processos, como a bariátrica. Após a cirurgia, fui me apaixonando por alguns esportes e foi quando a corrida entrou na minha vida”, conta a técnica de Enfermagem e auxiliar administrativa.
Ana Gardênia já chegou a pesar 135 kg e enfrentava a obesidade grau 3. Ela, que até então se considerava 100% sedentária, sabia que precisa reverter essa situação. Um processo desfiador e que começou logo após a pandemia. A decisão mais significativa aconteceu três anos atrás, quando ela se submeteu à bariátrica.
“A cirurgia me deu uma chance de melhorar de vida, mas ela sozinha não faz milagres. Se não cuidar do corpo, da mente e do espírito, não há progresso”, explica. Antes da cirurgia, ela teve que se preparar, e isso envolveu muito mais do que apenas perder peso. Entrou na academia, começou a caminhar e conseguiu 20 kg em nove meses. “A cirurgia não resolve sozinha. Precisa de disciplina e muito esforço”, destaca.
Depois da bariátrica, ela percebeu que a única forma de manter o peso e garantir uma vida mais saudável era se manter em movimento. Foi então que começou a explorar diferentes esportes. Experimentou atividades como beach tênis e vôlei, mas foi a corrida que conquistou seu coração. “Fui me apaixonando por esportes e a corrida entrou na minha vida”, conta.
A corrida passou a ser sua válvula de escape para as situações adversas que aconteciam ao longo do dia. “Tem quem diga que a gente é doido por acordar às 5h da manhã para correr, mas é gratificante. O hormônio da felicidade entra na gente, a gente se conecta com a natureza e com Deus. A gente coloca o fone de ouvido e a ansiedade vai embora”, diz.

Segundo a auxiliar administrativa, quando começou a correr, mal conseguia percorrer 100 metros. No entanto, com o tempo e muita dedicação, ela foi superando suas próprias limitações. Hoje, ela corre 5 km em 40 minutos, uma grande conquista para quem, até pouco tempo, mal conseguia caminhar por longas distâncias.
A corrida também teve um impacto significativo no seu círculo social, e é esse incentivo que ajuda Ana Gardênia a continuar se desafiando e superando. “Eu fui correr com alguns amigos e acabei fazendo novos. Não se preocupe com o tempo que leva para concluir uma prova ou a corrida. O importante é melhorar a saúde. O tempo e o desempenho vêm depois", conclui.
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O contato com a natureza e a paixão por trilhas
A corrida entra na vida de muitas pessoas de forma inesperada. Foi o que aconteceu com a empresária Adriana Ribeiro Baptista (53). Incentivada por amigas, ela começou a correr despretensiosamente e, hoje, é especialista em trilhas e montanhismo. Além de superar desafios, como longas distâncias e até a dor física e exaustão das caminhadas, Adriana encontrou, no esporte, novos amigos e formou uma nova família.
“Costumo dizer que comecei na corrida muito tarde, despretensiosamente, quando eu estava terminando a faculdade. Via que correr me trazia uma sensação de liberdade e, aos poucos, fui aumentando a quantidade de quilômetros percorrido, percebi que tinha capacidade para ir mais longe”, comenta.

Com pouco mais de três meses na corrida, Adriana Baptista, incentivada por algumas amigas, decidiu participar de uma competição de 5km e, para sua surpresa, foi campeã. Mas, apesar de sua vitória, ela sentia que a corrida ainda não lhe oferecia o desafio que procurava. Ela passou a buscar algo mais, além do asfalto, e foi quando começou a explorar as trilhas.
Inicialmente, ela se aventurou por estradões, mas logo percebeu que a natureza poderia oferecer uma maior conexão. "Comecei a fazer trilhas. Algumas pessoas me viam e pediam para ir comigo, e começamos a adentrar a mata", relembra. Esse contato mais próximo com a natureza foi o que a levou a se apaixonar ainda mais pelo esporte e da vida ao ar livre.
Hoje, ela é uma trilheira e montanhista experiente, e seus feitos são impressionantes. "Faço corridas acima de 50 km, sendo que meu último feito recente foi de 65 km, mas eu já fiz 130 km, saindo do Parque de Sete Cidades ao Parque de Ubajara, apenas em trilha”, comenta.
A atleta fundou o grupo "Caçadores de Trilha", que completará nove anos em 2025 e já reúne mais de 300 atletas. "Foi uma sementinha que plantei, fui cultivando com carinho, e hoje fazemos provas em várias cidades do país", orgulha-se. A criação do grupo não apenas consolidou a sua paixão pelas trilhas, mas também ajudou a construir uma rede de apoio e incentivo entre os amantes do esporte.

Além de se especializar em trilhas, ela também destaca o impacto positivo que o contato com a natureza tem sobre a saúde mental e física. "Sinto-me abraçada pela natureza e isso cura. Há inúmeros relatos dos nossos atletas que hoje não tomam mais remédio e estão curados devido a esse contato com a natureza”, destaca.
A corrida e as trilhas não se limitaram apenas à sua saúde física, elas mudaram também sua rotina e seus hábitos de vida. “[A corrida muda] a rotina de acordar cedo, de se alimentar bem e corretamente. Isso exige mudanças de hábitos e é inevitável. Tem coisas que antes eu fazia e hoje não faço mais. Antes eu gostava de ir para festas, mas precisei mudar isso, até porque acordo cedo para treinar ou participar de provas. Meus amigos entendem e foram se moldando ao meu estilo de vida”, conclui Adriana Baptista.
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